Depois dos ataques terroristas realizados em Paris no último dia 13, que mataram cerca de 130 pessoas, a França está em alerta máximo de segurança nacional para investigar e capturar indivíduos envolvidos nos atentados e para impedir novos episódios violentos – tudo isso, a menos de duas semanas do início da Conferência do Clima da ONU, a COP 21, o evento internacional mais importante em território francês desde a Conferência de Versalhes, em 1919, que encerrou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Por ora, autoridades francesas e oficiais da ONU rejeitam peremptoriamente qualquer possibilidade de adiamento ou transferência da COP para outro país. No entanto, o governo francês não garantiu que todos os eventos previstos para acontecer em Paris durante a Conferência do Clima serão realmente realizados. “As condições para organizar uma série de eventos não existem mais. Certos concertos, algumas manifestações, sobretudo as festivas, sem dúvida serão canceladas”, disse Manuel Valls, primeiro-ministro francês na segunda passada (16/11), pouco antes de uma reunião com o presidente François Hollande.
Por ora, não existe definição sobre quais eventos irão acontecer e quais deverão ser cancelados durante a COP. O governo francês garante a segurança na região das instalações da Conferência no Le Bourget, aeroporto parisiense que já está preparado para receber as 40 mil pessoas que irão circular diariamente no espaço oficial da ONU. Porém, as autoridades não dão as mesmas garantias nos diferentes espaços que serão utilizados no resto da cidade de Paris e, principalmente, nas manifestações de rua programadas para acontecer antes, durante e depois da Conferência.
Na segunda, representantes da coalizão de organizações da sociedade civil por trás da Marcha Climática Global, prevista para acontecer no dia 29 de novembro, véspera da abertura da COP 21, se reuniram na capital francesa para discutir as perspectivas para a realização desse evento. Antes dos atentados da última sexta-feira, a expectativa dos organizadores da marcha era reuniu mais de 200 mil pessoas nas ruas de Paris.
Mesmo com as restrições prometidas pelo governo francês, os organizadores da Marcha rejeitaram qualquer alteração no planejamento feito nos últimos meses. “Ainda que tendo em conta as circunstâncias excepcionais, acreditamos que a COP 21 não pode acontecer sem a participação e sem a mobilização da sociedade civil na França”, reafirma a Coalition 21 Climat em declaração publicada nesta terça-feira (17/11), pouco antes de uma reunião entre os organizadores da Marcha e o ministro francês do Exterior, Laurent Fabius, para discutir opções e alternativas para garantir espaço e segurança para as mobilizações da sociedade civil em Paris.
No encontro, Fabius propôs a diminuição da Marcha em número de pessoas e em espaço público percorrido. Inicialmente, o governo francês defende que a marcha se transforme numa manifestação estacionada que reúna, no máximo, 5 mil pessoas. A Coalition 21 Climat rejeitou a proposta, mas se comprometeu a encontrar uma solução conjunta com o governo francês nos próximos dias. Vale ressaltar que o estado de emergência declarado na França desde a madrugada do último sábado (14/11) permite ao governo suspender liberdades civis, como a de reunião e a de manifestação em espaço público.
Ainda que a agenda de eventos esteja incerta na capital da França, a programação global da Marcha Climática Global, que inclui eventos no Brasil, está mantida.