Uma das atividades econômicas que mais incentivam o desmatamento de florestas e matas nativas é a agropecuária. Nos últimos anos, governo e grandes cadeias de supermercado vêm tentando implementar políticas para rastreamento da carne vendida nesses estabelecimentos, de forma a garantir que a origem do produto não seja decorrente de atividade causadora de desmatamento, principalmente na Amazônia. Mesmo assim, na prática, isso vem sendo bastante problemático, e um relatório recentemente publicado pelo Greenpeace Brasil evidencia o abismo entre as boas intenções e o que está sendo realmente vendido nas prateleiras dos supermercados brasileiros.
O relatório “Carne ao Molho Madeira” apresenta um levantamento de informações de sete redes de supermercados, que representam juntas cerca de dois terços de todas as vendas de varejo no Brasil. O resultado é preocupante: nenhuma delas consegue garantir hoje que 100% da carne que comercializa é livre de crimes socioambientais.
A rede que obteve o melhor resultado no levantamento, o Walmart, conseguiu atender a 62% dos requisitos identificados pelo Greenpeace Brasil como fundamentais para garantir o rastreamento da carne bovina comercializada em suas lojas. Bem atrás dele, o Carrefour atingiu 23%, e o Grupo Pão de Açúcar, a maior rede brasileira de varejo, apenas 15%.
O relatório propôs-se a avaliar três aspectos principais da política de compra de carne bovina destas redes: a existência e o alcance destas políticas, os critérios dessas políticas, e quanto os supermercados são transparentes em relação ao tema junto aos seus consumidores.
“Os brasileiros têm o direito de saber se sua próxima refeição está contribuindo com a destruição da Amazônia ou com a violação de direitos humanos. Mais do que nunca, está nas mãos dos supermercados decidir se querem fazer parte da solução ou do problema”, aponta Adriana Charoux, da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.
Os dados do estudo estão disponíveis em uma página especial e o relatório completo pode ser encontrado aqui.