De Paris – Depois de muita expectativa, a presidência da Conferência do Clima de Paris (COP 21) apresentou na tarde desta quarta (09/12) uma nova versão de texto para o futuro acordo climático que sucederá o Protocolo de Quioto como “ponta-de-lança” na redução global das emissões de gases de efeito estufa a partir de 2020.
Laurent Fabius, ministro francês do Exterior e presidente da COP 21, ressaltou que o novo texto, com 29 páginas (13 com artigos do futuro acordo, e 16 com a decisão da COP, que orienta a implementação do acordo finalizado) está bem mais limpo que versões anteriores dele (por exemplo, o texto concluído pelo grupo negociador na semana passada tinha 44 páginas). Os colchetes, que marcam possibilidades de redação no texto final, também diminuíram consideravelmente, de 940 para 347, redução de 2/3.
No entanto, os países em geral não se sentiram confortáveis com a versão apresentada por Fabius. Mesmo exaltando a liderança e a disposição do ministro francês em fazer as negociações avançarem dentro do cronograma definido desde o começo, negociadores e ministros reforçaram que o novo texto ainda está bastante longe de suas aspirações para o acordo de Paris.
Os pontos que atravancam as negociações em Paris são rigorosamente os mesmos que acompanham o processo desde a Conferência do Clima de Durban (COP 17), há quatro anos: a distribuição das responsabilidades pelas reduções de emissões por parte de cada país (chamada aqui de “diferenciação”); o financiamento de ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos países mais pobres; e a ambição dos compromissos, que passa pelo tipo de acordo esperado (voluntário ou obrigatório), pela dimensão das metas definidas para redução de emissões, e pela temperatura definida como limite para o aquecimento global neste século (1,5 ou 2 graus Celsius com relação aos níveis pré-Revolução Industrial).
Em geral, o texto apresentado por Fabius mantém todas as opções possíveis para esses pontos sobre a mesa de negociação. No entanto, a manutenção dessas opções significa que os grupos informais de negociação – a principal aposta de Fabius para forçar avanço nas conversas em Paris – não estão conseguindo destravar a discussão política sobre essas questões, o que joga todo o processo diplomático da COP 21 numa incerteza bastante preocupante.
Com a recepção negativa do texto, Fabius manteve reunião com negociadores até 4h da manhã de hoje (10/12) no complexo negociador da ONU no Le Bourget. Para acelerar o processo, além de manter conversas com todos os negociadores, o ministro francês também já enviou os trechos mais “limpos” do texto apresentado nesta quarta (ou seja, aqueles que falam sobre os pontos mais consolidados na negociação) para revisão técnica, preparando-os para incorporação no texto final da COP 21.
Agora, a expectativa fica por conta da próxima reunião do chamado Comité de Paris, principal grupo negociador da COP 21, a partir das 15h (horário local), na qual Fabius deverá apresentar outra versão do texto.