A prefeitura de Pequim está usando a rede social Sina Weibo, similar ao Twitter, para expor empresas, indústrias e edifícios residenciais que violam a legislação ambiental e poluem o ar. Na semana passada, a cidade esteve por alguns dias em alerta vermelho devido à contaminação atmosférica sem precedentes. Escolas e fábricas foram fechadas quando a cidade alcançou o patamar de 400 microgramas por metro cúbico de ar. A Organização Mundial da Saúde recomenda manter o nível de particulados finos abaixo de 25 µg/m³ para evitar o comprometimento da saúde da população.
A agência ambiental municipal, que tem 680 mil seguidores no Weibo, está dando visibilidade aos dados coletados por seus agentes de fiscalização em operações em que estes emitem multas, fecham estabelecimentos e apreendem equipamentos. Pelo menos uma centena de empreendimentos foram expostos desde o mês passado. Dentre eles, restaurantes que queimam carvão em vez de utilizar energias limpas e indústrias com caldeiras ineficientes. A experiência é relatada pelo site Mashable, que lembra que o país já vem utilizando as redes sociais para envergonhar poluidores há algum tempo. Em 2013 o governo chinês anunciou que passaria a publicar listas mensais das cidades mais poluídas do país, para que os dirigentes locais se sentissem na obrigação de reforçar a fiscalização.
No Brasil, a experiência mais próxima de humilhação pública de quem comete crimes socioambientais talvez seja a divulgação anual da lista suja de trabalho análogo ao escravo, produzida pelo Ministério do Trabalho e Emprego desde 2004. Vale lembrar, porém, que uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal no fim do ano passado tentou, sem sucesso, impedir a sua publicação.