Nos últimos anos, o mundo se acostumou a receber uma notícia que vem se tornando cada vez mais frequente: vivemos o ano mais quente registrado até o momento. Foi assim em 2013, em 2014, em 2015, e tudo indica que será assim também em 2016. No mês passado, pouco depois da conclusão das negociações do Acordo de Paris na COP 21, o Met Office (escritório meteorológico do governo britânico) anunciou que o ano que começa promete superar 2015 como o mais quente desde 1880, quando iniciou os registros de temperatura. De acordo com o Met Office, a temperatura média global deve ser 1,14 grau Celsius acima dos níveis pré-Revolução Industrial, aproximando o aquecimento global dos índices observados pela ciência e pelo novo Acordo de Paris como limites para evitar efeitos mais profundos e negativos das mudanças do clima – entre 1,5 e 2 graus Celsius de aquecimento.
Efeitos desse planeta mais quente já podem ser sentidos desde o mês passado, quando começaram o inverno no Hemisfério Norte e o verão no Hemisfério Sul. Nos Estados Unidos, que vivenciaram períodos prolongados de frio intenso nos invernos de 2013-2014 e 2014-2015 devido ao vórtice polar, este começo de inverno tem sido um dos mais quentes registrados até hoje, com temperaturas bastante acima das atingidas nos anos anteriores. Na Escandinávia e nos Alpes, o inverno de 2015-2016 vem repetindo as altas temperaturas registradas nos últimos invernos, o que resulta numa cobertura de neve cada vez menor – impactando diretamente o turismo nesses países europeus, tradicionais pontos de prática de esqui e esportes na neve.
E a expectativa é de que 2016 não fique na posição recordista por muito tempo. Com a concentração de gases de efeito estufa (GEE) aumentando na atmosfera terrestre e a dificuldade de os países atingirem um ponto máximo para suas emissões num futuro mais próximo, a tendência é que esses índices continuem crescendo na próxima década. Ou seja, provavelmente continuaremos ouvindo essa notícia nos próximos anos.
Para piorar, além do aquecimento global em si (resultado da concentração crescente de GEE na atmosfera terrestre), 2016 também enfrentará os efeitos do fenômeno meteorológico El Niño, que promete ser o mais forte desde 1998 e afetar o clima em todo o planeta. No final do ano passado, falamos um pouco sobre os impactos do El Niño no clima e a necessidade do mundo reagir na contenção de seus efeitos negativos, principalmente no que diz respeito à segurança alimentar humana.
Tudo isso coloca os governos e as sociedades em uma situação crítica em um momento crucial: nos próximos anos, o mundo precisará avançar nas bases para a implementação do Acordo de Paris – que, por ora, traz mais boas intenções do que ações concretas. Espera-se que essa “notícia repetida” nos próximos anos mobilize os países em torno de mais ambição e mais ação para conter as emissões globais de GEE e preparar o mundo para suportar o impacto das mudanças climáticas já irreversíveis.[:en]Nos últimos anos, o mundo se acostumou a receber uma notícia que vem se tornando cada vez mais frequente: vivemos o ano mais quente registrado até o momento. Foi assim em 2013, em 2014, em 2015, e tudo indica que será assim também em 2016. No mês passado, pouco depois da conclusão das negociações do Acordo de Paris na COP 21, o Met Office (escritório meteorológico do governo britânico) anunciou que o ano que começa promete superar 2015 como o mais quente desde 1880, quando iniciou os registros de temperatura. De acordo com o Met Office, a temperatura média global deve ser 1,14 grau Celsius acima dos níveis pré-Revolução Industrial, aproximando o aquecimento global dos índices observados pela ciência e pelo novo Acordo de Paris como limites para evitar efeitos mais profundos e negativos das mudanças do clima – entre 1,5 e 2 graus Celsius de aquecimento.
Efeitos desse planeta mais quente já podem ser sentidos desde o mês passado, quando começaram o inverno no Hemisfério Norte e o verão no Hemisfério Sul. Nos Estados Unidos, que vivenciaram períodos prolongados de frio intenso nos invernos de 2013-2014 e 2014-2015 devido ao vórtice polar, este começo de inverno tem sido um dos mais quentes registrados até hoje, com temperaturas bastante acima das atingidas nos anos anteriores. Na Escandinávia e nos Alpes, o inverno de 2015-2016 vem repetindo as altas temperaturas registradas nos últimos invernos, o que resulta numa cobertura de neve cada vez menor – impactando diretamente o turismo nesses países europeus, tradicionais pontos de prática de esqui e esportes na neve.
E a expectativa é de que 2016 não fique na posição recordista por muito tempo. Com a concentração de gases de efeito estufa (GEE) aumentando na atmosfera terrestre e a dificuldade de os países atingirem um ponto máximo para suas emissões num futuro mais próximo, a tendência é que esses índices continuem crescendo na próxima década. Ou seja, provavelmente continuaremos ouvindo essa notícia nos próximos anos.
Para piorar, além do aquecimento global em si (resultado da concentração crescente de GEE na atmosfera terrestre), 2016 também enfrentará os efeitos do fenômeno meteorológico El Niño, que promete ser o mais forte desde 1998 e afetar o clima em todo o planeta. No último post de 2015, falamos um pouco sobre os impactos do El Niño no clima e a necessidade do mundo reagir na contenção de seus efeitos negativos, principalmente no que diz respeito à segurança alimentar humana.
Tudo isso coloca os governos e as sociedades em uma situação crítica em um momento crucial: nos próximos anos, o mundo precisará avançar nas bases para a implementação do Acordo de Paris – que, por ora, traz mais boas intenções do que ações concretas. Espera-se que essa “notícia repetida” nos próximos anos mobilize os países em torno de mais ambição e mais ação para conter as emissões globais de GEE e preparar o mundo para suportar o impacto das mudanças climáticas já irreversíveis.
Bruno Toledo