O estado americano da Califórnia está vivendo um dos maiores acidentes ambientais da sua história. O rompimento de um duto que leva a um tanque de estocagem de metano enterrado a 2,5 quilômetros de profundidade já liberou 77 mil toneladas do gás e ainda não está claro quando o problema será controlado. O acidente foi responsável por um aumento de 25% no volume de metano emitido na Califórnia em 2015, segundo o California Air Resources Board, órgão ambiental responsável pela qualidade do ar no estado. Pelos cálculos da ONG Environmental Defense Fund, uma das mais ativas nos EUA, essas emissões equivalem às que seriam geradas pela circulação de 7 milhões de carros adicionais nas ruas de Los Angeles. Grupos ambientalistas consideram este episódio uma versão climática do maior desastre ambiental registrado nos Estados Unidos, a explosão da plataforma de petróleo Deep Horizon, do grupo BP, que contaminou o Golfo do México em 2010.
O vazamento foi detectado em 23 de outubro, em Porter Ranch, uma localidade a 40 quilômetros do centro de Los Angeles. Dezenas de milhares de famílias que moram na região foram afetadas e pelo menos mil tiveram de ser evacuadas. Duas escolas transferiram suas atividades para edifícios mais distantes. As autoridades responsáveis pelo tráfego aéreo também tiveram que bloquear voos sobre a região, para evitar explosões.
Porter Ranch Southern California Gas Co., a distribuidora de gás que é proprietária da unidade de estocagem, informa que conseguiu reduzir o ritmo das perdas e encontrou uma forma de impedir o vazamento, por meio da construção de válvulas de escape paralelas ao duto original. Entretanto, elas levarão semanas para ser concluídas.
O episódio evidenciou a fragilidade da legislação ambiental californiana, considerada uma das mais avançadas dos Estados Unidos, no que que tange à estocagem subterrânea do metano. Nunca é demais lembrar que o metano é um poderoso gás-estufa, com uma capacidade de retenção de calor na atmosfera muito superior à do dióxido de carbono.