São 267 espécies de peixes, 56 de anfíbios, 151 de répteis e 582 de aves que habitam um mosaico de alta diversidade vegetal em 600 mil quilômetros quadrados compartilhados entre Brasil, Bolívia e Paraguai. Maior planície inundável do planeta, o Pantanal retrata o desafio global de conciliar desenvolvimento econômico e conservação de recursos naturais, apelo que requer ações articuladas da sociedade para o despertar de uma consciência que muitas vezes falta aos governantes e a quem depende da biodiversidade para sobreviver.
“O desconhecimento sobre a realidade desse peculiar território impede um aproveitamento econômico maior do turismo de qualidade”, destaca o fotógrafo João Farkas, dedicado a promover o diálogo entre as forças produtivas, academia, artistas, jornalistas, pesquisadores, instituições e organizações, por meio de imagens que podem dizer muito mais que palavras.
Na iniciativa “Documenta Pantanal“, ações multimídias (exposições, documentários, livros e vídeos) pretendem celebrar a beleza e a riqueza natural pantaneira como modo de atrair os olhares para um bioma brasileiro que atualmente se encontra ofuscado pelo protagonismo da Amazônia e da Mata Atlântica na agenda ambiental.
“Há uma espécie de cegueira cognitiva, porque temos outras paisagens belas mobilizadoras, mas é necessário colocar a região no radar dos brasileiros, para que seja melhor explorado e protegido”, aponta Farkas, idealizador do projeto em parceria com o pesquisador Sandro Menezes Silva e produtora de cinema e teatro Mônica Guimarães, por muitos anos à frente do “É Tudo Verdade – Festival internacional de Documentários”. Sem a devida valorização e reconhecimento, diz o fotógrafo, os riscos aumentam: “Tanto a qualidade das águas como o fluxo cheias-vazantes já estão bastante alterados pela atuação humana e são ameaças reais”.