Aplicativo facilitará a gestão e a rastreabilidade de produtos florestais madeireiros e não-madeireiros
Extrativistas e comunidades rurais que vivem de produtos florestais madeireiros e não-madeireiros têm agora um aliado tecnológico: o aplicativo Cidades Florestais. Criado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) com recursos do Fundo Amazônia, a ferramenta deve facilitar a gestão de todas as etapas de produção e permitir a rastreabilidade dos produtos, o que trará mais sustentabilidade e segurança para a sua atividade.
O aplicativo foi desenvolvido para integrar os principais elos da cadeia de produtos florestais da Amazônia. Há funcionalidades específicas para os produtores familiares de madeira manejada e óleos vegetais, para gestores de usinas de óleos vegetais que compram e processam a matéria-prima, para os pesquisadores da área florestal e para técnicos extensionistas (agrônomos e engenheiros florestais que dão assistência técnica rural para os extrativistas).
A ferramenta permite registrar os custos de cada etapa da sua produção, a gestão de estoque e outras informações técnicas dos produtos. “É um recurso importante para os extrativistas, que poderão gerenciar os custos de sua produção e ter informações para negociar o valor de venda de seu produto”, explica André Vianna, gerente do projeto.
As informações podem ser inseridas no modo offline e sincronizadas mais tarde, no momento em que o usuário estiver com acesso à internet. Vianna explica que, quanto mais detalhada for a inserção de dados de cada etapa de produção, mais informações as famílias terão para ajustar seus custos e processos de produção.
“É possível verificar, por exemplo, em quais rotas se está gastando mais combustível e ajustar os processos de coleta de produtos florestais para otimizar esse gasto”, explica. O uso do aplicativo pode trazer mais profissionalização para o extrativismo e, quem sabe, atrair os jovens, filhos dos produtores, para a atividade.
Manejo florestal na ponta dos dedos
Outra função embutida na ferramenta é o inventário florestal digital. Para quem trabalha com a produção de madeira manejada, por exemplo, basta inserir todos os dados do inventário, e outras informações técnicas do manejo florestal, e fazer o upload de documentos como o Cadastro Ambiental Rural, documentos das associações e dos sócios, entre outros.
Os dados podem ser salvos em formato de planilha ou pdf e enviados para o técnico responsável pela solicitação da licença e pelo acompanhamento do plano de manejo florestal sustentável da comunidade. Se estiver usando o aplicativo, o extensionista pode fazer o download do inventário, documentos e outras informações, imprimir e enviar para o Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor).
“O app é uma ferramenta de extensão remota em larga escala. Nós, no Idesam, podemos funcionar como uma central de extensão que vai conseguir adequar as ações de campo para a realidade das famílias”, explica André Vianna.
Rastreabilidade
Com todas as informações sobre a produção, desde a coleta, o uso do aplicativo atende a uma demanda crescente do mercado: a rastreabilidade. As tendências de consumo emergentes valorizam cada vez mais os produtos sustentáveis e com garantia de procedência. Com o aplicativo Cidades Florestais, consumidores de produtos florestais como óleos e manteigas saberão qual família coletou as sementes, castanhas, frutos e resinas que deram origem ao produto que estão comprando.
O consumidor poderá acessar as informações por meio de um QR code impresso no rótulo dos produtos comercializados pela Vitrine Virtual, a loja virtual de produtos florestais criada pelo Idesam para promover a economia florestal no Amazonas.
André Vianna diz que a prioridade neste primeiro momento é fortalecer a cadeia de produtos florestais apoiadas pelo Idesam no projeto Cidades Florestais, que tem financiamento do Fundo Amazônia. Mas, no longo prazo, a ideia é que qualquer produtor, beneficiador ou comprador de produtos florestais utilize o sistema de rastreabilidade proporcionado pelo aplicativo.
Projeção até 2021
O aplicativo Cidades Florestais é gratuito já está disponível na loja de aplicativos para Android. O Idesam projeta que, até 2021, cerca de 1.300 pessoas utilizarão o app. Com a ferramenta de gestão, a expectativa é de um aumento de 20% no volume de madeira manejada nos sete municípios que compõem o projeto Cidades Florestais e de que a venda de manteigas e óleos atinja a marca de R$ 1 milhão.
Iniciado em 2018, atualmente fazem parte do projeto Cidades Florestais comunidades e famílias dos municípios Apuí, Carauari, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Silves, Lábrea e Boa Vista do Ramos. No entanto, o impacto do aplicativo pode ir além dessas localidades uma vez que os benefícios das ferramentas de gestão estão disponíveis a todos os produtores florestais independentemente do seu envolvimento no projeto.