Diante da urgência no controle das queimadas e do desmatamento, ONGs e organizações indígenas se uniram para lançar ontem, Dia da Amazônia, uma plataforma global para financiamento coletivo de projetos socioambientais voltados à valorização da floresta em pé. Com objetivo de captar doações de cidadãos, fundações e empresas privadas, a iniciativa foi idealizada no contexto das incertezas quanto às políticas públicas de investimento em função de retrocessos do governo federal, como a paralisação do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES com recursos da Alemanha e da Noruega.
O Fundo Amigos da Amazônia, de caráter privado, destina-se a apoiar programas de sucesso para que possam ser aprimorados e multiplicados, reunindo duas iniciativas de relevância em ações de uso sustentável: a Sustainable Development Solutions Network (SDSN-Amazon) – que é ligada às Nações Unidas e integra 125 instituições de pesquisa e ONGs dos nove países amazônicos – e a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), representando 450 povos indígenas da região.
A premissa é que existem muitas iniciativas promissoras que podem ter resultados de curto, médio e longo prazos, desenvolvidas por instituições da própria Amazônia, muitas vezes em colaboração com instituições de outras regiões e países. Com secretaria executiva à cargo da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que trabalha com uma rede de 15 associações de moradores de unidades de conservação e outras 200 parcerias, o novo fundo foi planejado para ser gerido de forma colaborativa e descentralizada em blockchain, desenvolvida pela Welight em parceria com a IBM.
Dessa forma, os recursos serão rastreados e associados diretamente a indicadores de resultados, no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com monitoramento dos impactos nos territórios apoiados – benefícios que poderão ser acompanhados pelos doadores.
A estratégia do fundo é centrar as atividades de proteção da Amazônia nas pessoas, dentro de uma visão holística incluindo proteção social (com foco em crianças e mulheres), capacitação em economia sustentável baseada em florestas, educação relevante, treinamento de liderança e práticas participativas de conservação florestal. Na primeira fase da plataforma de financiamento, a meta é atingir 17 milhões de hectares, com impacto positivo para 50 mil pessoas. O plano pretende ampliar o alcance para 75 milhões de hectares e 500 mil beneficiários na terceira fase.