Para ampliar a diversidade e representatividade da discussão dessa temática, a primeira versão do curso será gratuita e priorizará estudantes de graduação com interesse em mercado financeiro e investimentos ESG, representativos de diversas regiões do País, com variados perfis sociais e educacionais
A sustentabilidade não é tema novo no meio empresarial nem no sistema financeiro nacional, mas a sigla ESG está entre os principais termos discutidos na internet e no meio corporativo brasileiro em 2020. ESG é o acrônimo em inglês para os fatores ambientais, sociais e a governança. Finanças e investimentos sustentáveis tratam da inclusão desses fatores na tomada de decisão de investimento no setor financeiro, aumentando os investimentos de longo prazo em direção a uma economia sustentável.
Para contribuir com o conhecimento de impacto nesse sentido, em abril de 2020 nasceu a Brasfi, uma aliança de pesquisadores com a missão construir e compartilhar conhecimento sobre finanças e investimentos sustentáveis por meio de pessoas e organizações conectadas em prol de um Brasil mais próspero, resiliente e responsável. Brasfi vem do acrônimo em inglês de Brazilian Research Alliance for Sustainable Finance and Investment que, em tradução livre, seria Aliança Brasileira de Pesquisa para Finanças e Investimentos Sustentáveis.
A criação do grupo foi motivada pela relevância mundial, mas especialmente para o Brasil, dos riscos socioambientais projetados pelos estudos e relatórios de referência internacional. A esse fator somaram-se as necessidades de pesquisa e capacitação local, além das oportunidades de negócio e desenvolvimento econômico sustentável. Essa foi a percepção da cofundadora da Brasfi e doutoranda em finanças sustentáveis da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Viviane Helena Torinelli, ao participar em de 2019 e 2020 de eventos mundiais dedicados ao tema.
Além disso, essa aliança contou desde o início com forte engajamento e participação da Liga de Mercado Financeiro da Universidade Federal da Bahia (LMF-UFBA), liderada pelo estudante de Economia, Máximo Marmund. Esse movimento reforça a importância da geração dos millennials (nascidos a partir de 1980) na discussão ESG e na lógica da sustentabilidade. “Os estudantes de graduação e as ligas de mercado financeiro possuem papel estratégico como formadores de opinião, investidores, consumidores e futuros gestores do mercado financeiro”, reforça Lucca Tosto, diretor da LMF-UFBA e membro da Brasfi.
A Brasfi possui natureza multidisciplinar, envolvendo professores, pesquisadores e alunos de graduação, mestrado e doutorado, com experiências acumuladas da academia e da prática, além de especialistas do mercado. Hoje conta com 35 participantes vinculados a instituições diversas e geograficamente dispersas, como Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal do Paraná (UFPR); observadores do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (FGVces) e PUC-Rio; pesquisadores brasileiros atualmente vinculados à University of Roehampton (Reino Unido); Polytechnique Montreal (Canadá); Universität Leipzig (Alemanha); além de especialistas de mercado brasileiros situados em Paris (França) e em Norrbotten (Suécia); entre outros.
O grupo promove eventos, pesquisas, estudos, debates e cursos teórico-práticos em torno da temática das finanças e investimentos sustentáveis. Seus webinars mensais já atingiram cerca de 3 mil pessoas e podem ser vistos no YouTube da Brasfi e dos parceiros. Os eventos visam construir um conhecimento aplicado, juntando academia e o mercado. Como exemplo, eventos anteriores já conectaram representantes do mercado local de finanças e investimentos sustentáveis com empreendedores brasileiros de negócios de impacto.
Entre os envolvidos já estiveram Vox Capital; Benfeitoria; CAF (Banco Latino-americano de Desenvolvimento); ICE e Aliança pelo Impacto; Sanar; Safe Drinking Water for All (SDW); Afrosaúde; Solos (cadeias circulares de resíduos); entre outros. Seus workshops técnicos, também disponíveis no YouTube da Brasfi, já trataram de estudos das Universidades Stanford; Cambridge (CISL); London School of Economics (LSE); além de relatórios de consultorias de referência mundial, como a McKinsey; e de think tanks, como a Sitawi. Uma agenda de novos debates foi construída e já garante eventos até 2021.
Além disso, pesquisas em curso já estão abordando subtemas como investimento de impacto; financiamento de inovação para sustentabilidade na cidade de Salvador; gestão de reservas internacionais e risco soberano; exposição corporativa a riscos climáticos; financiamento a energias renováveis; sustentabilidade na indústria de mineração, entre outros. As pesquisas no âmbito da aliança visam conciliar ciência com impacto positivo real e local, contribuindo para a pauta de finanças e investimentos sustentáveis no Brasil.
Em 22 de outubro começará o mais novo projeto, um curso de cerca de 20 horas abordando os investimentos ESG. O curso é fruto de uma parceria com Clarisse Simonek, brasileira e referência internacional em investimento responsável/sustentável, que há mais de 10 anos trabalha com investidores globais e institutos acadêmicos (Cambridge) nessa área. Simonek é conselheira acadêmica e co-autora do currículo para a certificação ESG Investing do CFA, conteúdo que inspirou o material do curso.
No intuito de ampliar a diversidade e representatividade da discussão dessa temática, a primeira versão do curso será gratuita e priorizará estudantes de graduação com interesse em mercado financeiro e investimentos ESG, representativos das mais diversas regiões do País, com perfis sociais e educacional variados. Interessados podem acessar www.weesg.org para inscrições e demais informações.
[Foto: Micheile Henderson/ Unsplash]