No Dia dos Povos Indígenas, a Somos Literatura selecionou obras infantis que contribuem para a formação de um olhar plural sobre os povos originários do Brasil
O Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, foi instituído em 2022 pela Lei nº 14.402, como substituição ao “Dia do Índio”, criado sete décadas antes no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, no México. A renomeação da efeméride buscou explicitar a ampla diversidade das culturas dos povos originários, que o título anterior não contemplava.
O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, registrou a existência de 274 línguas indígenas no país e 305 diferentes etnias. A etnia com o maior número de indígenas é a Tikuna, com cerca de 46 mil pessoas, seguida das Guarani Kaiowá, Kaigang e Macuxi.
Uma das formas de conhecer essa pluralidade é por meio da literatura produzida por autores indígenas. Segundo a doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Janice Cristine Thiél, “a educação para a cidadania, para o respeito à diversidade e para o desenvolvimento do pensamento crítico é necessária a todos. A leitura e a discussão de obras da literatura indígena contribuem para a reflexão sobre essas questões”.
A Somos Literatura , que reúne obras dos selos Ática, Atual, Caramelo, Formato, Saraiva e Scipione de literatura infantojuvenil, selecionou 4 livros escritos por autores indígenas para pequenos leitores conhecerem a cultura de seus povos, desde cedo, a partir de um olhar cada vez mais plural. E ontem, 18 de abril, foi comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil.
1. Um sonho que não parecia sonho, de Daniel Munduruku – Editora Caramelo
Para os povos indígenas, os sonhos são reflexos dos nossos pensamentos, medos e esperanças. Pensando nisso, Daniel Munduruku estabelece, neste livro, um diálogo entre as crianças da cidade e as lendas indígenas, mostrando como os sonhos podem passar importantes mensagens para as pessoas. (32 páginas)
2. Txopai e Itôhã, de Kanátyo Pataxó – Editora Formato
O livro traz um mito de origem, escrito e ilustrado pelo índio Kanátyo para seus alunos na escola da aldeia dos pataxós, em Carmésia (MG). O mito conta que Txopai nasceu de uma gota de chuva e foi o primeiro Pataxó a surgir na Terra. Depois dele, seus irmãos também nasceram, de outra chuva, e Txopai deve de lhes ensinar a caçar, pescar, plantar e sobreviver de seu trabalho respeitando os recursos naturais. Trata-se de uma oportunidade de mostrar aos pequenos lições sobre amor e reforçar a importância de respeitar a natureza. (24 páginas)
3. Meu lugar no mundo, de Sulami Katy – Editora Ática
Um livro autobiográfico escrito pela potiguara Sulami Katy, no qual ela narra uma viagem que fez à cidade de São Paulo para divulgar sua cultura, marcada pelo convívio intenso com a natureza, pelos rituais sagrados, pelas palavras sábias do pajé e pela arte de preparar o beiju. Nessa obra, os jovens leitores vão ter acesso a discussões importantes sobre o que é ser indígena nos dias atuais e outras reflexões sobre diferenças culturais. (64 páginas)
4. Meu pai Ag’wã: Lembranças da casa de conselho, de Yaguarê Yamã – Editora Scipione
Este é um livro de reencontro de Yaguarê Yamã com a aldeia onde cresceu. Já adulto, o autor retorna àquele lugar, onde revive seus momentos de infância, relembra o contato com a natureza, as brincadeiras e, em especial, sua vivência com Ag’wã, seu pai. Em meio a uma narrativa comovente da relação afetuosa entre pai e filho, o autor mostra ao leitor mais sobre a cultura indígena, com seus costumes, tradições e língua. (32 páginas)