O Brasil é o primeiro país da América Latina a receber máquina de sexagem in-ovo que evita a matança de pintinhos machos. Embora a conscientização pública sobre o descarte cruel desses animais ainda seja baixa no País, três quartos dos entrevistados em pesquisa com o consumidor demonstraram preocupação e apoiaram o desenvolvimento de alternativas após serem informados sobre o tema
O Brasil acaba de receber e instalar sua primeira máquina de sexagem in-ovo, permitindo que incubatórios identifiquem o sexo dos embriões ainda dentro do ovo. A tecnologia evita o descarte rotineiro de pintinhos machos, considerados inadequados para a produção de ovos. A nova máquina de sexagem in-ovo “Cheggy”, da empresa alemã Agri Advanced Technologies GmbH (AAT), é a primeira do tipo na América Latina, segundo informações de sua assessoria de imprensa.
Todos os anos, aproximadamente 100 milhões de pintinhos machos são triturados vivos – é isso mesmo que você leu – no Brasil logo após a eclosão, por não produzirem ovos e não serem economicamente viáveis para a produção de carne de frango. Esse descarte em massa levanta preocupações sobre o bem-estar animal, eficiência e sustentabilidade.
No fim de 2024, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados chegou a propor uma medida legislativa para proibir métodos cruéis de eliminação de pintinhos. A tecnologia de sexagem in-ovo permite identificar o sexo do embrião antes da eclosão, eliminando a necessidade de abater pintinhos machos.
Uma pesquisa com consumidores de ovos, realizada em janeiro de 2025 pela organização de pesquisa da indústria avícola Innovate Animal Ag, revelou que, embora a conscientização pública sobre o descarte de pintinhos ainda seja baixa no Brasil, três quartos dos entrevistados demonstraram preocupação e apoiaram o desenvolvimento de alternativas após serem informados sobre o tema.

A sexagem in-ovo tem apresentado um crescimento acelerado nos últimos anos, especialmente na União Europeia e nos Estados Unidos. Segundo a Innovate Animal Ag, a tecnologia já alcançou 28% de penetração no mercado europeu e está sendo implementada rapidamente nos EUA. A adoção agora no Brasil representa um avanço significativo para a indústria de ovos brasileira, tanto do ponto de vista econômico quanto em relação ao bem-estar animal.
“Com nosso lançamento no Brasil, estamos ampliando as soluções disponíveis para uma produção de ovos sustentável,” afirma Jörg Hurlin, diretor-geral da AAT. “A sexagem in-ovo permite a seleção antecipada nas incubadoras e oferece uma abordagem escalável e eficiente – especialmente adequada para grandes mercados como o da América do Sul.”
A Raiar Orgânicos, produtora de ovos fundada em 2020, é pioneira e a primeira cliente a implementar o sistema Cheggy no Brasil. A produtora de ovos orgânicos prioriza práticas sustentáveis e voltadas ao bem-estar animal em toda a cadeia de valor, integrando ativamente tecnologias inovadoras. Com o objetivo de tornar alimentos orgânicos acessíveis a uma parcela ampla da população, a Raiar adota uma abordagem holística que une bem-estar animal, apoio à agricultura regional e inovação tecnológica.
“A Raiar é uma empresa inquieta, comprometida com os mais altos padrões de transparência, gestão e bem-estar animal. Por isso, buscamos ativamente as melhores práticas e soluções do mercado para melhorar continuamente o bem-estar na produção de ovos,” afirma Marcus Menoita, CEO e cofundador da Raiar.
A Cheggy estabelece um novo padrão na produção de ovos ao identificar se um embrião está se desenvolvendo como macho ou fêmea durante a incubação – de forma rápida, sem contato e sem necessidade de abrir o ovo. Utilizando imagem hiperespectral, o sistema capta espectros de luz que permitem detectar diferenças na coloração das penas entre embriões machos e fêmeas de linhagens poedeiras de ovos marrons. Essa determinação precoce do sexo permite que os incubatórios evitem incubar embriões machos desde o início – eliminando, assim, a necessidade do descarte de pintinhos.