As centrais nucleares de Fukushima, atingidas por terremoto e tsunami há pouco mais de uma semana, estão espalhando não só radioatividade mas também um sentimento de que talvez a energia atômica não compense. Vejam as reações ao episódio em diferentes partes do mundo:
- O governo da Alemanha, país que já opera 17 usinas, anunciou logo após a catástrofe o fechamento de sete unidades construídas antes de 1980 por um período de três meses. Uma dessas centrais nucleares já tinha sido desativada em 2007, após um acidente.
- A Suíça suspendeu a aprovação de três novas usinas para reavaliar seus padrões de segurança.
- A Grã-Bretanha, a Finlândia e a Bulgária anunciaram que vão reavaliar a segurança dos projetos já implantados.
- A China anunciou que suspenderá a aprovação de novas unidades enquanto não forem definidas regras mais rígidas e que os reatores em operação serão inspecionados. Hoje os chineses estão construindo 25 novas centrais nucleares.
No entanto…
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- A França, país que tem um quase monopólio da geração de eletricidade pelas centrais nucleares (elas representam 80% da matriz elétrica francesa), promete prosseguir impávida pelo mesmo caminho. O primeiro-ministro François Fillon anunciou que promoverá auditorias no conjunto do seu parque de geração nuclear, mas que definitivamente não vai mudar de rumo. “Estamos na vanguarda européia e mundial em termos de geração nuclear e pretendemos continuar assim”, disse Fillon dias atrás.
- O mesmo vale para a Coréia do Sul, que promoverá uma rodada de auditorias da vulnerabilidade de suas usinas e continuará tocando seus projetos – business as usual. Indicações nesse sentido não poderiam ser mais explícitas: na segunda-feira da semana passada, o presidente Lee Myung-Bak participou do lançamento da pedra fundamental de uma usina que será construída nos Emirados Árabes Unidos com tecnologia coreana.
- O ministro do Meio Ambiente da Índia, Jairam Ramesh, disse que seu país tem de aprender com a tragédia japonesa, mas que ele não pode abrir mão do nuclear.
- O primeiro-ministro russo Vladimir Putin também diz acreditar no nuclear de olhos fechados. “Temos todo um arsenal de tecnologias modernas para garantir um ambiente de trabalho livre de acidentes nas usinas nucleares”, declarou dias atrás, durante a assinatura de um acordo com a Bielorrússia para o financiamento e a construção da primeira central nuclear do país.
- A Polônia também não deverá mudar seus planos e deverá construir usinas nos próximos anos. O primeiro-ministro Donald Tusk disse que não está preocupado porque o seu país não é propenso a terremotos.
- Nos Estados Unidos – que têm 20% de sua eletricidade gerada por centrais nucleares – alguns deputados democratas estão promovendo uma campanha pela moratória na construção de novas usinas e uma reavaliação das normas de segurança. Eles parecem ter apoio popular. Pesquisa realizada dias atrás pelo diário USA Today e o Instituto Gallup ouviu pouco mais de mil adultos sobre o tema. Cerca de 70% dos entrevistados disseram que sua preocupação com um possível risco nuclear nos Estados Unidos aumentou e 47% disseram ser contra a construção de novas usinas (44% eram a favor). Apesar disso, o secretário de Energia, Steven Chu, disse que os Estados Unidos têm de aprender com a experiência japonesa, mas que o licenciamento de novas usinas vai continuar. “O governo entende que deve apoiar-se em um conjunto diversificado de fontes energéticas”. E esse conjunto, diz Chu, incluirá a energia nuclear.
E o Brasil? Matéria da Época Negócios indica que o país não desistirá de investir no átomo. A revista cita o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que afirmaram que quatro novas usinas serão construídas até 2030. “Angra 1 e Angra 2 são mais seguras do que a usina de Fukushima, no Japão”, teria dito Mercadante. Ah, agora eu fiquei tranquila.
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