O estudo de uma equipe de pesquisadores americanos está despertando polêmica nos círculos da Biologia internacional. Em seu artigo, publicado na revista Conservation Biology, os professores atribuem valor ecológico às chamadas “espécies invasoras”, que ocupam áreas diferentes de seu ecossistema original e são consideradas como a segunda causa de redução de biodiversidade no mundo. A pesquisa apresenta uma série de benefícios proporcionados por essas espécies, desde o fornecimento de alimento à preparação do hábitat para animais e plantas nativos.
Há cerca de duas décadas, os EUA gastaram milhões de dólares para conter a população de pés de tamarindo, que se multiplicavam no Sudoeste do país. Biólogos afirmavam que eles absorviam muita água do solo, prejudicando as espécies nativas, abrigos de muitos animais. Nos últimos anos, porém, descobriu-se que eles não absorvem tanta água quanto se estimava, e mais, passaram a comportar ninhos de pássaros que estariam sob ameaça de extinção.
Outro exemplo são as abelhas, que chegaram ao Novo Mundo com os ingleses no século XVII. Segundo cientistas, seu desaparecimento no continente americano resultaria em graves consequências para os ecossistemas onde atuam. Mas no Brasil, por exemplo, elas evitam a extinção de porções de floresta isoladas das chuvas, transportando os grãos de pólen. Martin Schlaepfer, um dos líderes do estudo, afirma a necessidade de desmitificar as espécies exóticas. “Nós prevemos que a proporção de espécies não nativas vistas como boas ou desejáveis vai aumentar nos próximos anos. O estudo propõe justamente essa reflexão”.