Falta de informação, despreparo dos comerciantes e da população fez com que a lei municipal que aboliu a sacola plástica no varejo de Belo Horizonte se transformasse em verdadeiro caos. De um lado, faltam caixas de papelão, sacolas biodegradáveis e ecobags nas lojas; por outro, os consumidores se recusam a pagar por outras opções (compostáveis e ecobags). Vereadores acusam os supermercados de cartel porque a sacola compostável é comprada de um único fabricante, a Extrusa, e é vendida pelo mesmo preço, R$ 0,19 a unidade, em todos os estabelecimentos. O Procon deve entrar na história para apurar as denúncias.
Os primeiros dias foram de queixas e dúvidas por todo lado.
Pela lei municipal 9.529/2008, conhecida como Lei da Sacola e que entrou em vigor no último dia 18 de abril, o comerciante que oferecer a sacola plástica comum pode ser multado de R$ 1.000 a R$ 2.000 e perder o alvará de funcionamento por 120 dias. Em BH, são consumidas, por ano, 157 milhões de unidades. Estima-se uma queda de 80% neste consumo a partir da nova lei. A cidade é a primeira capital do País a tomar a medida, que já vigora em diversos municípios do Brasil.
Uma matéria feita pela repórter Ana Paula Pedrosa, do jornal local O Tempo, colocou em xeque a medida de forma mais radical. Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que a lei não serviu para nada porque BH não tem coleta seletiva adequada nem usina de compostagem. A coleta seletiva atinge apenas 30 dos 500 bairros da capital mineira. E as aspas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente são desoladoras: “Coleta seletiva é o ideal, mas é utopia falar em coleta seletiva na cidade inteira. É um sistema muito caro”, diz o chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente, Saulo Ataíde. Ele diz que o modelo foi implantado nos bairros onde a população “adere melhor a esse tipo de iniciativa”.