Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o ano de 2013 foi o sexto mais quente da história; além disso, 13 dos 14 anos mais quentes também foram registrados no século XXI. Os cientistas não têm dúvidas de que o aquecimento global é uma realidade e esse fenômeno é decorrência da atividade humana.
A cidade de São Paulo nunca havia registrado um mês tão quente na história quanto janeiro de 2014; os registros começaram a ser feitos em 1943. Em Porto Alegre, onde as medições começaram em 1916, este mês foi o mais quente entre os meses de janeiro desde que as medições começaram. Os motivos que levaram a essas altas temperaturas são diversos e a ciência ainda não consegue comprovar uma relação direta entre as mudanças climáticas e tais eventos do início de 2014. Dentro desse cenário, temos duas opções: acreditar que não temos nada a ver com o assunto e torcer para as coisas melhorarem ou utilizar o princípio da precaução. O princípio da precaução foi formulado pelos gregos e significa ter cuidado e estar ciente. Precaução relaciona-se com a associação respeitosa e funcional do homem com a natureza. Trata das ações antecipatórias para proteger a saúde das pessoas e dos ecossistemas. Precaução é um dos princípios que guia as atividades humanas e incorpora parte de outros conceitos como justiça, equidade, respeito, senso comum e prevenção.
Por conta das altas temperaturas, a utilização de aparelhos de ar condicionado disparou no país e o consumo de energia elétrica nacional também subiu. O Sistema Interligado Nacional não suportou e na última terça-feira (4 de fevereiro), ocorreu o apagão que atingiu 13 estados. Para evitar novos apagões, o governo pretende utilizar força máxima nas usinas termelétricas, aumentando ainda mais as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Além disso, como existe a preocupação de novos apagões, muitas empresas já começam a investir em geradores de energia elétrica a óleo diesel, aumentando também as emissões de GEE e a poluição local.
Ao invés de focar na origem do problema, as soluções adotadas tendem a criar um ciclo vicioso, no qual as emissões aumentam a temperatura do planeta, que provoca mais emissões por conta do aumento da queima de combustíveis fósseis, que aumenta mais a temperatura do planeta e assim por diante. Muitas pessoas me perguntam quando vamos começar a sentir os efeitos das mudanças climáticas, pois acham que se trata de um fenômeno que vai atingir nossos netos e bisnetos. As mudanças estão aí e, pelo que as últimas semanas vêm demonstrando, não estamos nos esforçando o suficiente para reverter esse quadro.
Ricardo Dinato