Entrevista com Sheila Watson, secretária-executiva da Iniciativa Global de Economia de Combustíveis
Carros híbridos, elétricos e transporte público dominam a agenda de sustentabilidade no que se refere à mobilidade. Embora relevante, o consumo mais eficiente de gasolina e diesel nos carros de passeio recebe menos holofotes. A Iniciativa Global de Economia de Combustíveis (GFEI, na sigla em inglês) busca chamar atenção para o tema da eficiência nos automóveis desde que foi lançada, em março de 2009. Sua secretária-executiva, Sheila Watson, explica a Página22 os objetivos da campanha, realizada em conjunto pela Federação Internacional de Automobilismo, o Fórum Internacional de Transportes, a Agência Internacional de Energia e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
O consumo de combustíveis fósseis pelos carros está ficando mais eficiente?
Publicamos recentemente um relatório que contém uma análise da Agência Internacional de Energia. Ele sugere que a melhoria ficou em torno de 1,6% ao ano de 2005 a 2008, quando precisamos de 2,7% para atingir as metas de 2020, 2030 e 2050. Esse trabalho será periodicamente atualizado e ampliado, de modo a incluir dados do maior número possível de países. (A meta é cortar o consumo de combustíveis em automóveis leves em 50% sobre a projeção corrente para 2050, o que significaria mantê- lo no patamar atual).
Em termos práticos, como a campanha colabora para que os carros consumam menos gasolina e diesel?
Chamamos a atenção da opinião pública para o assunto em fóruns globais sobre políticas na área de energia, conversamos com atores estratégicos, tais como as montadoras, e tentamos preencher lacunas no entendimento a respeito do problema por meio de pesquisas. No momento, porém, estamos particularmente focados em trabalhar com governos nacionais para prover subsídios a formuladores de políticas públicas de transporte.
É possível cumprir as metas em meio ao quadro econômico adverso nas economias ricas?
Acreditamos que o consumo mais eficiente de combustíveis é absolutamente central para assegurar um impacto positivo no balanço de pagamentos, na segurança energética, na prosperidade individual e no meio ambiente. Portanto, é essencial que ela seja parte de quaisquer programas globais de recuperação econômica. A GFEI pode oferecer assessoria aos governos para integrar o tema da eficiência de combustíveis em automóveis nessas políticas de recuperação.
Como a redução no uso de combustíveis é calculada sobre um cenário para 2050, a meta manteria, na prática, o consumo nos níveis atuais. isso não é demasiadamente modesto?
Temos clareza de que nossa iniciativa é apenas parte do esforço global contra a mudança climática. De qualquer maneira, as metas referem-se somente aos veículos leves e incorporam tecnologias existentes e economicamente viáveis. Há obviamente, portanto, enorme potencial para diferentes ações neste e em outros setores. Uma melhoria de 50% até 2050 é o mínimo que deveríamos alcançar, visto que já temos essas tecnologias e elas já estão presentes em carros vendidos em vários mercados.