Com menos de um ano de vida, o movimento Occupy Wall Street (OWS) tem histórias para contar – que acaba de sair em livro – e um futuro a construir. Embora tenha desaparecido das manchetes, o movimento continua vivo, preparando-se para uma nova rodada de manifestações na primavera do Hemisfério Norte, começando com uma greve geral dos 99% prevista para 1 de maio. A expectativa é para ver se continua o apelo popular que o OWS obteve no outono com as ocupações em Nova York e outras cidades americanas.
Occupying Wall Street: The Inside Story of an Action that Changed America é o título do livro escrito por um coletivo de cerca de 60 autores que se auto-intitula “escritores pelos 99%” e publicado pela OR Books nos Estados Unidos. O livro traz descrições detalhadas da organização do acampamento no Zuccotti Park em Nova York durante as semanas em que durou o protesto, intercaladas com relatos de manifestantes.
Segundo uma resenha, o livro retrata também a geografia social do Zuccotti Park, dividida entre a zona leste – onde se reuniam manifestantes menos ideológicos – e a zona oeste – que acomodava grupos mais radicais. E não se esquiva de mostrar que manifestantes mais pobres e com nível mais baixo de educação recebiam menos apoio dos serviços organizados pelo OWS, assim como dos residentes da região simpáticos à causa.
Mesmo com a desigualdade entre os 99% escancarada e os acampamentos desbaratados, o movimento persiste. O The New York Times reporta que em algumas cidades americanas os ativistas alugaram escritórios, em Nova York realizam assembléias quase que diariamente, e ao redor do país organizam pequenas manifestações. No fim de semana passado, ativistas de várias partes reuniram-se em Olympia, no estado de Washington, para a primeira conferência nacional do movimento, o Occupy Solidarity Social Forum.
O próximo grande evento está previsto para 1o. de maio, quando o movimento Occupy chama uma greve geral mundial, ou simplesmente “um dia sem os 99%”, sem trabalho, sem escola, sem compras. Há quem questione a capacidade do movimento de mobilizar uma massa significativa de pessoas, especialmente sem o apoio dos sindicatos. Críticos apontam ainda que a linguagem usada nas chamadas para a greve radicaliza o discurso e arrisca alienar muita gente. Mas a breve história do movimento indica que tudo pode acontecer – antes de 17 de setembro de 2011, data marcada para a ocupação de Wall Street, poucos acreditavam que o centro nervoso do sistema financeiro mundial pudesse se transformar em um enorme acampamento por semanas a fio.
Uma coisa é certa, o OWS já deixou sua marca – com os slogans “nós somos os 99%” e “não é possível despejar uma ideia”, o microfone-humano, o processo de decisão por consenso, e a noção de que a ganância corporativa prejudica a grande maioria das pessoas.