Por Flavia Pardini
Nem só de mananciais vive o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. “Somos reféns da água subterrânea”, lembra Ricardo Hirata, pesquisador do Instituto de Geociências da USP. Segundo ele, no ano 2000, além dos 64 mil litros por segundo oriundos de corpos d’água superficiais, a cidade consumia 8 mil litros por segundo retirados do subsolo por poços artesianos. “É uma quantidade que faz falta.”
Tanto a premissa é verdadeira que, de acordo com Hirata, as águas subterrâneas tornaram-se um ponto prioritário na revisão do Plano da Bacia do Alto Tietê, em curso atualmente. A razão pela qual as pessoas optam por usar a água subterrânea é límpida, diz o pesquisador: “Para diminuir a conta de água”. Os grandes perfuradores de poços artesianos são os condomínios habitados por pessoas com renda nas faixas A e B.
A partir do volume de água saído dos poços na região metropolitana, Hirata faz uma conta simples. Se para receber água da rede, um condomínio paga R$ 2 por metro cúbico — a tarifa é escalonada e pode chegar a até R$ 8 —, os 8 mil litros por segundo bombeados pelos poços na cidade somam R$ cerca de 500 milhões por ano. “É o que se deixa de pagar”, resume o pesquisador.