O momento não poderia ter sido mais oportuno. Lançado logo após as polêmicas “pérolas” sobre a questão ambiental, proferidas pela presidenta Dilma durante o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, o relatório O Brasil atingiria sua meta de redução do desmatamento?, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), coloca o dedo na ferida ao apresentar a quantas anda a meta de redução do desmatamento do governo brasileiro definida como parte da política para mitigar o aquecimento global, bem como o risco que ela corre de não ser cumprida caso o Código Florestal seja aprovado.
Segundo o Imazon, o Brasil se comprometeu a reduzir o desmatamento para cerca de 3.800 quilômetros quadrados/ano até 2020. A taxa dos últimos três anos foi de cerca de 7.000 km²/ano, o que mostra que, se aprovado, o Código Florestal será um tiro no pé do próprio governo. “A meta é para 2020, mas decisões devem ser tomadas agora”, afirma Paulo Barreto, co-autor do estudo. “As decisões dos líderes do Executivo que estão revisando o plano de combate ao desmatamento que será aplicado entre 2012 e 2015 e do Congresso que está revisando o Código Florestal (cuja votação está prevista para 24 de abril deste ano) indicarão se o compromisso brasileiro contra o desmatamento será sustentável ou não”, conclui.
Entre 2000 e 2010 o Brasil se tornou o campeão do desmatamento global, contribuindo com 44% da perda líquida de floresta. Foram contabilizadas aproximadamente 71 milhões de hectares de floresta amazônica brasileira a menos; o equivalente a 18% da sua cobertura original.
“Vários setores manifestam a compreensão de que o desmatamento é negativo em termos econômicos e ambientais. E também que ele pode ser zerado, ao mesmo tempo que a produção agropecuária pode aumentar nos milhões de hectares desmatados que não são utilizados”, explica Elis Araújo, co-autora do estudo, destacando que em 2008 eram 11 milhões de hectares de pasto subutilizados somente na Amazônia, segundo dados levantados.