O consumo é um dos nós mais apertados quando se fala em sustentabilidade. Alguns vêem mais consumo como o problema a combater. Outros enxergam no poder do consumidor um dos motivadores para a mudança no setor corporativo.
Nas últimas semanas, dois grandes grupos ligados a produtos de consumo anunciaram iniciativas destinadas ao consumidor consciente dos crescentes problemas ambientais.
A gigante do comércio online Amazon tornou pública a criação de um site – chamado Vine – dedicado somente a produtos “verdes”. Segundo a “filosofia verde” da empresa, os produtos disponíveis no site são feitos com ingredientes e materiais saudáveis para o meio ambiente e o consumidor.
“Antes de qualificarmos um produto como ‘verde’, revisamos a descrição do produto pelo fornecedor para checar se os materiais e ingredientes são orgânicos, naturais ou feitos em grande parte de materiais sustentáveis”, diz o site. “Produtos que contribuem para um lar saudável porque são eficientes do ponto de vista do consumo de energia e de água, reusáveis ou porque removem toxinas ou usam energia renovável” também entram na categoria.
O site também oferece produtos de empresas certificadas com o selo “comércio justo” e de B-corps. O consumidor pode ainda optar por comprar mercadorias produzidas em um raio de 100 milhas de sua residência.
O Vine.com faz parte de uma família de sites de compra online adquirida pela Amazon em 2011. Apesar do apelo “verde”, a gigante do varejo online é acusada de destruir pequenos negócios no mundo real, além de usar grandes quantidades de papel, papelão e plástico para enviar as mercadorias aos consumidores pelo correio.
O principal objetivo da Amazon é aumentar as vendas, seja de produtos “verdes” ou convencionais, e continuar produzindo lucros a seus acionistas. Se há uma boa notícia é que parece que o grupo dos consumidores preocupados com a sustentabilidade cresce a ponto de se tornar importante para uma empresa do tamanho da Amazon.
Ou da Unilever. A terceira maior fabricante mundial de produtos de consumo acaba de anunciar uma parceria com a Carrotmob, uma organização sem fins lucrativos que promove flashmobs de consumidores para incentivar empresas a se tornar mais sustentáveis.
Até agora, a Carrotmob tem atuado em pequena escala, usando o poder dos consumidores para ajudar pequenos negócios – lojas de bebidas, cafés, restaurantes – a fazer mudanças que favoreçam o meio ambiente. Segundo seu fundador, Brent Schulkin, a ideia é aumentar a escala, promovendo o ativismo do consumidor em esfera global.
Exatamente como a associação entre Unilever e Carrotmob vai funcionar não está claro – a primeira campanha deverá ser anunciada dentro de um ano. Schulkin imagina “algum tipo de webinar” em que os consumidores discutam quais produtos da Unilever querem apoiar e quais ações gostariam de ver a empresa tomar. Uma vez tendo decidido isso, a ideia é promover uma compra em massa do produto em questão, atingindo um montante em receitas suficiente para fazer com que a Unilever tome as medidas que os consumidores querem.
Um exemplo que Schulkin oferece é que a empresa poderia se comprometer a aumentar a proporção de ovos de galinha caipira usados nos sorvetes que fabrica, dependendo de quantos consumidores apoiem uma eventual campanha para tal.
A Carrotmob chama isso de ativismo do consumidor. Para a Unilever trata-se de “marketing de causa”.
Infelizmente, tanto no caso do site da Amazon, quanto na abordagem da Univeler, o resultado deve ser mais consumo em vez de menos.