Parece piada. A população da Reserva Extrativista Verde para Sempre, no interior do Pará, precisa abrir caminho no seu interior para o linhão que vai levar a energia da hidrelétrica de Tucuruí ao Sistema Interligado Nacional. Em troca, nada de eletricidade.
Quem conta essa história é o site Amazonia.org.br. Os linhões deveriam passar ao longo do rio Xingu, o que demandaria, para os moradores, abandonar casas e perder áreas produtivas. Ele buscaram, então, alguma garantia por parte do governo de que também poderiam usufruir da eletricidade.
Esse pedido aconteceu no começo do ano, e três meses depois veio a resposta federal: não seria possível fornecer energia à população local, que deveria aguardar a chegada do programa “Luz para Todos” – o que não tem previsão para acontecer.
Foi quando o Conselho Deliberativo da Resex negou a permissão da realização de estudos de impactos ambientais que embasariam a licença para o empreendimento. Mas a Linhas de Xingu, empresa responsável pelo projeto, continuou atuando na região, de acordo com relato de moradores. O diretor da empresa nega as acusações.
O descaso com a população local não parou por aí: os empresários envolvidos no projeto disseram que os moradores que forem retirados da região serão indenizados, mas não se sabe para onde irão ou quantas serão essas famílias.
Para chamar a atenção da sociedade à discussão dos riscos da instalação das linhas, o Conselho Deliberativo da Resex Verde Para Sempre vai promover um seminário nos dias 29 e 30 de novembro, quando deve ser debatida também a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu.