Por Flavia Pardini e Milene Pacheco
Falta apenas pôr em prática. Na teoria, parece provado que a agricultura orgânica deixa pouco a dever para as técnicas convencionais em termos de quantidade. Um estudo recente mostrou que a mudança para o cultivo orgânico, em vez de reduzir, poderia até aumentar a oferta de alimentos. Uma equipe de pesquisadores coordenada por Ivette Perfecto, da Universidade de Michigan, compilou os resultados de 293 estudos comparando as duas formas de produção. E descobriu que nos países em desenvolvimento os sistemas orgânicos são capazes de produzir até 80% a mais do que os plantios convencionais.
Nas nações desenvolvidas, a produção orgânica chega, em média, a 92% daquela feita com métodos convencionais. Com base nesses números, a equipe estimou que, adotado o sistema orgânico, a produção mundial de alimentos variaria entre 2.641 e 4.381 calorias por pessoa/dia. O consumo mínimo recomendado é de 2.100 a 2.500 calorias e o sistema atual produz em torno de 2.700. Resta o argumento de que a produção orgânica é mais cara. Seus defensores, entretanto, difi cilmente levam em conta os custos causados pelo uso de aditivos químicos à saúde das pessoas e ao meio ambiente.
Apesar dos benefícios, que incluem o fortalecimento da agricultura familiar, a regulamentação da lei sobre a produção orgânica no Brasil se arrasta. Prevista para meados de 2006, ainda não saiu do papel. Segundo Marcelo Laurino, da Comissão da Produção Orgânica do Ministério da Agricultura, espera-se um decreto presidencial para agosto.