Após quase dez anos de negociações, quinze empresas responsáveis por 70% da produção global de salmão via aquicultura acabam de lançar uma iniciativa que visa ampliar a cooperação e transparência do setor, de modo a reduzir os impactos ambientais de seus negócios e garantir uma oferta e qualidade constantes. Norway Royal Salmon, Acuinova Chile, Scottish Sea Farms, dentre outras, concordaram em obter a certificação de sustentabilidade do Aquaculture Stewarship Council para a totalidade de sua produção até 2020. No vídeo ao lado, Alf-Helge Aarskog, um dos coordenadores da iniciativa, apresenta o projeto (em inglês). Além da busca de certificação, as empresas se comprometem a monitorar seus fornecedores de ração, evitar impactos sobre ecossistemas costeiros e controlar a disseminação de doenças infecciosas e parasistas, como o piolho do mar.
A Global Salmon Initiative recebeu apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do World Wildlife Fund. Jason Clay, vice-presidente de Marketing e Transformação do WWF, descreveu a iniciativa, dias atrás, no diário britânico The Guardian, como “uma grande virada […]que vai mudar a aquicultura – e poderia repercutir em toda a indústria global de alimentos”.
Mais de 60% do salmão consumido no mundo vêm dessas fazendas, concentradas na Noruega, no Chile, no Canadá e na Escócia. Segundo a Global Salmon Initiative, em 2011, a aquicultura produziu 1,6 milhão toneladas de salmão e a pesca gerou outras 830 mil toneladas. O Japão é responsável por 12% do consumo mundial; a União Europeia e os Estados Unidos são outros mercados importantes. Nas próximas décadas, a participação das fazendas de salmão e outras modalidades de aquicultura tende a crescer ainda mais dado o progressivo esgotamento dos estoques pesqueiros.
A despeito de sua importância econômica e nutricional, esses criadouros têm gerado controvérsia, dados os seus muitos impactos socioambientais. Clay, do WWF, enumera: “Fazendas de salmão mal administradas podem espalhar doenças e parasitas, abusar do uso de produtos químicos e gerar resíduos de peixe que podem comprometer ecossistemas oceânicos, e a utilização de organismos marinhos como ração pode ter impacto sobre os recursos naturais”. Alguns grupos ambientalistas, inclusive, acham que esse modelo é tão nocivo que qualquer iniciativa destinada a ampliar sua sustentabilidade é meramente cosmética. Há quatro anos, 70 entidades ambientalistas e representantes de comunidades costeiras divulgaram um manifesto em que criticavam o envolvimento do WWF no desenvolvimento de processos de certificação de projetos de aquicultura de salmão ou camarões. Citando, ainda mais uma vez, Jason Clay – esse é só o começo, a implementação desses compromissos vai ter de ser (muito) bem monitorada.[:en]
Após quase dez anos de negociações, quinze empresas responsáveis por 70% da produção global de salmão via aquicultura acabam de lançar uma iniciativa que visa ampliar a cooperação e transparência do setor, de modo a reduzir os impactos ambientais de seus negócios e garantir uma oferta e qualidade constantes. Norway Royal Salmon, Acuinova Chile, Scottish Sea Farms, dentre outras, concordaram em obter a certificação de sustentabilidade do Aquaculture Stewarship Council para a totalidade de sua produção até 2020. No vídeo ao lado, Alf-Helge Aarskog, um dos coordenadores da iniciativa, apresenta o projeto (em inglês). Além da busca de certificação, as empresas se comprometem a monitorar seus fornecedores de ração, evitar impactos sobre ecossistemas costeiros e controlar a disseminação de doenças infecciosas e parasistas, como o piolho do mar.
A Global Salmon Initiative recebeu apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do World Wildlife Fund. Jason Clay, vice-presidente de Marketing e Transformação do WWF, descreveu a iniciativa, dias atrás, no diário britânico The Guardian, como “uma grande virada […]que vai mudar a aquicultura – e poderia repercutir em toda a indústria global de alimentos”.
Mais de 60% do salmão consumido no mundo vêm dessas fazendas, concentradas na Noruega, no Chile, no Canadá e na Escócia. Segundo a Global Salmon Initiative, em 2011, a aquicultura produziu 1,6 milhão toneladas de salmão e a pesca gerou outras 830 mil toneladas. O Japão é responsável por 12% do consumo mundial; a União Europeia e os Estados Unidos são outros mercados importantes. Nas próximas décadas, a participação das fazendas de salmão e outras modalidades de aquicultura tende a crescer ainda mais dado o progressivo esgotamento dos estoques pesqueiros.
A despeito de sua importância econômica e nutricional, esses criadouros têm gerado controvérsia, dados os seus muitos impactos socioambientais. Clay, do WWF, enumera: “Fazendas de salmão mal administradas podem espalhar doenças e parasitas, abusar do uso de produtos químicos e gerar resíduos de peixe que podem comprometer ecossistemas oceânicos, e a utilização de organismos marinhos como ração pode ter impacto sobre os recursos naturais”. Alguns grupos ambientalistas, inclusive, acham que esse modelo é tão nocivo que qualquer iniciativa destinada a ampliar sua sustentabilidade é meramente cosmética. Há quatro anos, 70 entidades ambientalistas e representantes de comunidades costeiras divulgaram um manifesto em que criticavam o envolvimento do WWF no desenvolvimento de processos de certificação de projetos de aquicultura de salmão ou camarões. Citando, ainda mais uma vez, Jason Clay – esse é só o começo, a implementação desses compromissos vai ter de ser (muito) bem monitorada.