O esforço para promover o leilão de Libra, bloco mais importante do pré-sal, em 21 de outubro, deu um recado claro para os ambientalistas: o governo brasileiro não medirá esforços para aumentar a exploração de combustíveis fósseis. Somente nesse bloco, é prevista a produção de 8 bilhões a 12 bilhões de barris de petróleo a partir de 2020, o equivalente a toda a produção brasileira até hoje e à emissão de até 5 bilhões de toneladas de CO2.
Entretanto, o crescente investimento em energia não renovável preocupa entidades ambientalistas. Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, argumenta que o petróleo vem sendo priorizado sem que haja um plano de transição para uma matriz energética menos dependente de combustíveis fósseis. “Diante de todos os riscos técnicos e econômicos que corremos com o pré-sal, será que vale a pena investir tudo isso só nele ou deveríamos estar diversificando o investimento em outras matrizes menos danosas para o clima?”, questiona.
Para André Nahur, coordenador de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, essa preferência reforça a posição do País entre os dez maiores emissores de gases estufa do mundo. Ele explica que o desmatamento atendia pela maior parte das emissões brasileiras, mas hoje a energia lidera, com 32% das emissões. “Se a matriz energética se mantivesse limpa, a queda no desmatamento já poderia mudar o status do Brasil de país emissor para captador.”
De fato, o Ministério de Minas e Energia (MME) não apresenta uma estratégia específica para reduzir as emissões no setor de energia, no âmbito da Política Nacional de Mudança Climática. O Plano Decenal de Energia prevê, até 2020, o aumento da participação de combustíveis fósseis, inclusive de carvão mineral, enquanto a geração por biomassa e eólica cresce timidamente. Já a energia solar nem sequer aparece nas previsões de contratos de energia. A reportagem procurou ouvir o MME, mas não obteve resposta.
O Greenpeace também critica a pouca definição das incumbências das empresas no Plano Nacional de Contingência, aguardado desde 2000. “Não temos claro quais as responsabilidades das empresas em caso de acidentes durante a prospecção e exploração. Ainda não temos certeza de que o Brasil vai explorar petróleo no pré-sal sem ter um altíssimo custo ambiental”, conclui Baitelo.
Leia a íntegra da reportagem sobre as consequências ambientais da exploração de petróleo na camada pré-sal
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O esforço para promover o leilão de Libra, bloco mais importante do pré-sal, em 21 de outubro, deu um recado claro para os ambientalistas: o governo brasileiro não medirá esforços para aumentar a exploração de combustíveis fósseis. Somente nesse bloco, é prevista a produção de 8 bilhões a 12 bilhões de barris de petróleo a partir de 2020, o equivalente a toda a produção brasileira até hoje e à emissão de até 5 bilhões de toneladas de CO2.
Entretanto, o crescente investimento em energia não renovável preocupa entidades ambientalistas. Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, argumenta que o petróleo vem sendo priorizado sem que haja um plano de transição para uma matriz energética menos dependente de combustíveis fósseis. “Diante de todos os riscos técnicos e econômicos que corremos com o pré-sal, será que vale a pena investir tudo isso só nele ou deveríamos estar diversificando o investimento em outras matrizes menos danosas para o clima?”, questiona.
Para André Nahur, coordenador de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, essa preferência reforça a posição do País entre os dez maiores emissores de gases estufa do mundo. Ele explica que o desmatamento atendia pela maior parte das emissões brasileiras, mas hoje a energia lidera, com 32% das emissões. “Se a matriz energética se mantivesse limpa, a queda no desmatamento já poderia mudar o status do Brasil de país emissor para captador.”
De fato, o Ministério de Minas e Energia (MME) não apresenta uma estratégia específica para reduzir as emissões no setor de energia, no âmbito da Política Nacional de Mudança Climática. O Plano Decenal de Energia prevê, até 2020, o aumento da participação de combustíveis fósseis, inclusive de carvão mineral, enquanto a geração por biomassa e eólica cresce timidamente. Já a energia solar nem sequer aparece nas previsões de contratos de energia. A reportagem procurou ouvir o MME, mas não obteve resposta.
O Greenpeace também critica a pouca definição das incumbências das empresas no Plano Nacional de Contingência, aguardado desde 2000. “Não temos claro quais as responsabilidades das empresas em caso de acidentes durante a prospecção e exploração. Ainda não temos certeza de que o Brasil vai explorar petróleo no pré-sal sem ter um altíssimo custo ambiental”, conclui Baitelo.
Leia a íntegra da reportagem sobre as consequências ambientais da exploração de petróleo na camada pré-sal