Documentário da Mídia Ninja mostra o preço alto que o os grotões pagam para que o Brasil seja um dos maiores exportadores de minério do mundo
“Na época do inverno essa água aqui fica toda vermelhinha, parece sangue”, revela um camponês, apontando para o rio que abastece sua comunidade. O curso d’água em questão é mais um dos impactados pela mineração, atividade econômica que engrossa a balança comercial do País.
A Mídia Ninja, em parceria com 130 entidades da sociedade civil, registrou no documentário Enquanto o Trem Não Passa os impactos socioambientais mais sombrios da mineração em três estados brasileiros. Contaminação de mananciais, drenagem de rios e trabalho precário são algumas das consequências retratadas na voz e imagem de habitantes de comunidades atingidas em Minas Gerais, Maranhão e Pará. O vídeo está disponível na íntegra na PosTV (confira também na janela ao lado) e já obteve 10 mil visualizações em menos de uma semana.
A obra contextualiza, sob a ótica das entidades, um momento decisivo para a mineração no país – tramita no Congresso Nacional um novo marco regulatório da atividade (leia mais em “Urgente pra quem?“). O novo Código da Mineração traz pontos polêmicos, como a flexibilização das responsabilidades das empresas concessionárias e a possibilidade de exploração de minérios em territórios protegidos sem consulta prévia. O Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração lançou ontem uma carta de repúdio à proposta de revisão de lei do relator Leonardo Quintão (PMDB), por considerar que coloca “a mineração como uma prioridade absoluta, acima de todos os outros usos do território”.
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Novo Código de Mineração é concebido sem o diálogo público necessário, em “Urgente pra quem?”
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