Jogo educativo desafia participantes a recuperar cidades abandonadas com ações sustentáveis e faz um paralelo com o mundo corporativo. Página22 participou da brincadeira
“A missão de vocês é recuperar a cidade.” Com essa frase instigante, uma facilitadora iniciou a experiência de colaboradores do Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV com o jogo “Cidades Sustentáveis – O Jogo da Socioecoeficiência”. Acompanhei com meus colegas o funcionamento dessa interessante ferramenta de educação corporativa. Idealizado pela Fundação Espaço ECO – organização sem fins lucrativos instituída pela multinacional BASF –, o jogo desafia o grupo a recuperar cidades abandonadas, cujas histórias são verídicas, e torna-las novamente habitáveis, seguindo um modelo socioecoeficiente.
Para quem gosta de jogos com simulação (do tipo The Sims), como eu, a brincadeira é convidativa. Nela não há ganhadores ou perdedores – todos jogam com o objetivo comum de dar nova vida ao lugar. Passamos por todas as etapas de quem traça (virtualmente) o destino de uma cidade.
Primeiro, recebemos o diagnóstico de seus problemas. Depois, analisamos as alternativas de investimento e as “implantamos”. Por fim, avaliamos os primeiros resultados obtidos e temos a oportunidade de mudar o rumo. E como tudo é um jogo, a sorte dá as cartas – sorteamos fichas que dizem se nossas decisões deram resultados positivos ou negativos.
Assim como na vida real, é praticamente impossível prever se uma escolha vai dar certo ou não. Da mesma forma, se o resultado não for o esperado, sempre há a possibilidade de tentar uma alternativa. Fernando Feitoza, gerente de Educação para a Sustentabilidade da Fundação Espaço ECO, explica que essa provocação do jogo é proposital. Ela estimula o senso crítico do jogador, que se vê obrigado a tomar decisões e ser responsável pelos seus impactos. É um paralelo com o mundo corporativo, no qual diretores de empresas devem ter em mente que os rumos dos seus negócios podem impactar comunidades de diversas maneiras, nem sempre previsíveis.
Nossa missão era a cidade de Hashima (imagem no topo), ilhota do Japão que teve seu auge populacional na década de 1950, quando uma mina de carvão mineral garantia a prosperidade local. Todos os moradores abandonaram a ilha quando a empresa responsável pela mineração, que povoou a cidade, encerrou suas atividades por ali.
Na brincadeira, decidimos investir em energias renováveis, incluindo a geração a partir de biodigestores, que aproveitam a energia do lixo descartado pelos habitantes. Também escolhemos a pesca, a piscicultura, o bordado e um festival de música para movimentar a economia e o empreendedorismo locais. Ao final do jogo, cada escolha e seus resultados ajudaram a formar uma pontuação que media o índice de socioecoeficiência da cidade. Com isso, avaliamos por quantos anos Hashima conseguiria se sustentar com esse novo modelo de desenvolvimento.
A iniciativa faz parte de um dos eixos de atuação da Fundação Espaço Eco, que dissemina conhecimento para instigar um olhar mais crítico em relação aos temas socioambientais. “É uma troca: a construção do entendimento dos temas relacionados à sustentabilidade é sempre compartilhada, porque além do conhecimento técnico, é preciso considerar realidades e contextos locais”, explica Feitoza.
A ferramenta está disponível para aplicação em empresas interessadas em desenvolver a educação para a sustentabilidade entre seus colaboradores. Para conhecê-la, basta entrar em contato pelo e-mail espacoeco@basf.com
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