Falta de água nos reservatórios de São Paulo pede ações urgentes de adaptação
Acostumado a testemunhar chuvas frequentes e volumosas durante o verão, o estado de São Paulo vive uma das piores estiagens da sua história. O aumento constante da demanda de água para consumo doméstico e industrial, somado a problemas na gestão do sistema de distribuição, contribuiu para agravar a iminente crise no abastecimento de água. Tendo em vista um possível colapso, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) anunciou 25 sugestões de ações (leia a íntegra no site) para os 43 municípios que o integram atravessarem esse período de crise.
Dentre as ações recomendadas estão: coibição de captações irregulares; incentivo à implantação de novas tecnologias na agricultura, como o gotejamento; preservação e recuperação de nascentes e matas ciliares; construção de fossas sépticas na zona rural; tratamento de todo o esgoto municipal; e implantação de sistemas de reuso de água e aproveitamento de água da chuva.
Algumas cidades já tomaram medidas para diminuir o impacto da escassez de chuvas no abastecimento. Jundiaí iniciou campanha de conscientização com a população ainda em dezembro, aos primeiros sinais de estiagem. Já Valinhos e Campinas lançaram mão de multas a flagrantes de desperdício de água.
Situação crítica
Responsável por quase metade do abastecimento de água da Grande São Paulo e alimentado em sua maior parte pelos rios do PCJ, o sistema Cantareira é o mais comprometido pela crise. Em pleno período chuvoso (em tese, pelo menos), o volume de água armazenada no sistema diminuiu para 19,8% da capacidade de seus reservatórios neste último domingo, o mais baixo nível desde que iniciou operação em 1974. O Cantareira também fornece água a parte das regiões de Campinas, Jundiaí, Atibaia e Extrema, onde se encontram importantes distritos industriais.
Desde 18 de dezembro, o Consórcio vem alertando os municípios sobre o risco de desabastecimento. Os técnicos da entidade alegam estar sendo retirado um volume muito alto de água dos reservatórios, apesar da estiagem persistente. Se o índice atual de chuvas continuar ínfimo, a água dos reservatórios será totalmente consumida em 80 dias, segundo os estudos do PCJ.
Com a mudança climática, os eventos extremos serão cada vez mais comuns, conforme abordamos aqui. Administrar os recursos naturais em situações extremas requer ações de adaptação para evitar colapsos, como as recomendadas pelo Consórcio. É necessário se adaptar com urgência aos impactos negativos das mudanças climáticas que já afetam as comunidades humanas.