Lauren Fletcher, engenheiro egresso da agência espacial americana, a Nasa, desenvolveu um modelo interessante de reflorestamento em escala industrial com o uso de pequenas naves teleguiadas, os drones.Elas são capazes de plantar 36 mil árvores por dia, 1 bilhão por ano. Algumas precauções aumentam a possibilidade de que as sementes dispersas vinguem. O processo desenvolvido pela BioCarbon Engineering, empresa criada por Fletcher, envolve duas estapas principais para minimizar os riscos. Primeiro é feito um mapeamento detalhado em 3D do terreno a repovoar, o que permite desenhar um itinerário e definir os melhores pontos para a semeadura. As sementes são pré-germinadas e envolvidas em pequenas pelotas de gelatina nutriente (o vídeo ao lado, em inglês, detalha esse processo). O drone voa bem perto do solo, o que evita a dispersão. O projeto começou a ganhar atenção por ser finalista da competição internacional Drones for Good, promovido pelos Emirados Árabes para destacar projetos que utilizam drones de forma socioambientalmente benéfica. Fletcher e sua equipe, baseados em Oxford, na Inglaterra, estão na fase de testes dessa tecnologia.
O conceito não é propriamente novo para nós, brasileiros. Um projeto muito bem sucedido de semeadura aérea nas encostas da Serra do Mar próximas a Cubatão, em São Paulo, adotou estratégia semelhante, nos anos 80 e 90. A região vivia seu momento máximo de degradação ambiental associada à atividade de duas dezenas de indústrias químicas, petroquímicas e farmacêuticas. Na época, o polo industrial de Cubatão era conhecido internacionalmente como Vale da Morte, pela contaminação do solo e a concentração de gases poluentes numa área cujo relevo impedia sua dispersão. Além disso, a erosão das encostas escarpadas produziu uma série de deslizamentos de terra no entorno da cidade, ameaçando tanto a área urbana quanto o parque industrial. Para mitigar o problema a agência ambiental paulista, a Cetesb, coordenou uma força-tarefa de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Instituto Florestal e do Instituto de Botânica para tentar mitigar o problema. Eles escolheram espécies típicas da região e que teriam maiores chances de vingar num projeto de reflorestamento intensivo. Mateiros foram enviados à Serra do Mar para obter sementes. À semelhança do modelo proposto por Fletcher, elas foram envoltas num pelete gelatinoso para evitar a sua dispersão pelo vento e melhorar a fixação ao solo. Um helicóptero e um avião agrícola foram utilizados para dispersá-las.
Em escala global, o reflorestamento aéreo é ainda mais antigo, como alternativa de semeadura em escala em áreas de difícil acesso ou alta inclinação. Uma das experiências mais antigas registradas pela literatura é a da distribuição de sementes nas montanhas de Honolulu, no Havaí, para recuperar florestas destruídas num incêndio nos anos 30.[:en]
Lauren Fletcher, engenheiro egresso da agência espacial americana, a Nasa, desenvolveu um modelo interessante de reflorestamento em escala industrial com o uso de pequenas naves teleguiadas, os drones.Elas são capazes de plantar 36 mil árvores por dia, 1 bilhão por ano. Algumas precauções aumentam a possibilidade de que as sementes dispersas vinguem. O processo desenvolvido pela BioCarbon Engineering, empresa criada por Fletcher, envolve duas estapas principais para minimizar os riscos. Primeiro é feito um mapeamento detalhado em 3D do terreno a repovoar, o que permite desenhar um itinerário e definir os melhores pontos para a semeadura. As sementes são pré-germinadas e envolvidas em pequenas pelotas de gelatina nutriente (o vídeo ao lado, em inglês, detalha esse processo). O drone voa bem perto do solo, o que evita a dispersão. O projeto começou a ganhar atenção por ser finalista da competição internacional Drones for Good, promovido pelos Emirados Árabes para destacar projetos que utilizam drones de forma socioambientalmente benéfica. Fletcher e sua equipe, baseados em Oxford, na Inglaterra, estão na fase de testes dessa tecnologia.
O conceito não é propriamente novo para nós, brasileiros. Um projeto muito bem sucedido de semeadura aérea nas encostas da Serra do Mar próximas a Cubatão, em São Paulo, adotou estratégia semelhante, nos anos 80 e 90. A região vivia seu momento máximo de degradação ambiental associada à atividade de duas dezenas de indústrias químicas, petroquímicas e farmacêuticas. Na época, o polo industrial de Cubatão era conhecido internacionalmente como Vale da Morte, pela contaminação do solo e a concentração de gases poluentes numa área cujo relevo impedia sua dispersão. Além disso, a erosão das encostas escarpadas produziu uma série de deslizamentos de terra no entorno da cidade, ameaçando tanto a área urbana quanto o parque industrial. Para mitigar o problema a agência ambiental paulista, a Cetesb, coordenou uma força-tarefa de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Instituto Florestal e do Instituto de Botânica para tentar mitigar o problema. Eles escolheram espécies típicas da região e que teriam maiores chances de vingar num projeto de reflorestamento intensivo. Mateiros foram enviados à Serra do Mar para obter sementes. À semelhança do modelo proposto por Fletcher, elas foram envoltas num pelete gelatinoso para evitar a sua dispersão pelo vento e melhorar a fixação ao solo. Um helicóptero e um avião agrícola foram utilizados para dispersá-las.
Em escala global, o reflorestamento aéreo é ainda mais antigo, como alternativa de semeadura em escala em áreas de difícil acesso ou alta inclinação. Uma das experiências mais antigas registradas pela literatura é a da distribuição de sementes nas montanhas de Honolulu, no Havaí, para recuperar florestas destruídas num incêndio nos anos 30.