Que as grandes cidades brasileiras apartaram-se das pessoas não é novidade. A própria Página22 já produziu bastante conteúdo apontando o modo de vida pouco sustentável e os caminhos a serem seguidos no resgate do bem-estar. Em edições anteriores, ao debater modelos de desenvolvimento urbano, exploramos a questão da mobilidade, o uso de tecnologia e do arteativismo, a conciliação entre ambiente urbano e natureza, e a articulação entre pessoas na busca de cidades melhores para viver – e para conviver.
O que motiva mais uma edição sobre o tema é um fenômeno relativamente recente: a profusão de coletivos e redes que promovem movimentos de intervenção e ocupação do espaço público. Protagonizados por uma nova geração de ativistas, esses movimentos têm ganhado massa crítica e colocam novos elementos de governança na praça – literalmente -, fazendo com que o cidadão participe de forma mais ativa das mudanças que deseja.
Hoje não temos pressões apenas por necessidades básicas, como moradia, creches, escolas, transporte, água, saneamento. Essa pauta tradicional é acrescida de novos desejos, como a busca de afeto, acolhimento, encontro, interação, ambiente saudável, respeito. Essas demandas surgem em especial de uma juventude altamente interconectada, querendo para as cidades brasileiras a vida de qualidade que vê em outros lugares do mundo. Isso agrega aos movimentos sociais uma característica mais cosmopolita, que tende a aumentar a importância desse fenômeno que está só começando.
Boa leitura!