Não é novidade que quanto maior a área urbanizada de uma cidade e quanto mais espalhada a população maiores os impactos socioeconômico e ambiental. Números recentes da London School of Economics (LSE) dão ainda mais sustentação a essa tese. O estudo Analysis of public policies that unintentionally encourage and subsidize urban sprawl (Análise de políticas públicas que não intencionalmente incentivam e subsidiam a expansão urbana) demonstra que os Estados Unidos chegam a gastar a cerca de US$ 1 trilhão ao ano para gerir os impactos provocados pelo urban sprawl, os modelos urbanos espraiados.
Autoexplicativa, a imagem ao lado compara a eficiência energética a partir de emissões de gases-estufa per capita entre a adensada Barcelona, na Espanha, e a espraiada Atlanta, nos EUA, ambas com população em torno dos 5 milhões de habitantes. O relatório destaca que é importante não confundir adensamento com aglomeração ou apinhamento. Adensamento pressupõe um crescimento inteligente, com uma distribuição nunca inferior a 30 moradores por hectare. Atlanta, com cerca de 6 habitantes por hectare, ocupa de 60% a 80% mais território do que Barcelona, além de realizar de 20% a 60% mais viagens de automóveis.
Os impactos do espraiamento urbano são impressionantes. Incluem redução da produtividade agrícola e de florestas naturais, alto custo de instalação e manutenção de equipamentos de infraestrutura e de transporte. A dependência de um sistema de transporte complexo nessas cidades resulta em congestionamentos, acidentes, emissão de poluentes, redução de acessibilidade dos não motoristas e piora das condições de saúde e de preparo físico, além do aumento das despesas dos moradores.
Essa conta é paga não apenas pelo morador dessa cidade. A análise da LSE indica que nos EUA os efeitos das cidades espraiadas representam um custo interno (pago pelos munícipes) de US$ 625 bilhões anuais e externo (pago por todos os habitantes do país) de US$ 400 bilhões. Embora esses números reflitam a realidade na América do Norte, o estudo informa que os cálculos são adaptáveis às grandes cidades de países em desenvolvimento que, como São Paulo, optaram pelo não adensamento de suas regiões centrais.
Cidades campeãs em adensamento, as asiáticas Mumbai (Índia), Hong Kong (China) e Seul (Coreia do Sul), aparecem em uma amostragem do relatório com quase 400 habitantes por hectare. Curitiba e Brasília aparecem com pouco mais de 50 habitantes por hectare e Rio de Janeiro com mais de 100. Acesse o estudo.