A manterem-se as tendências atuais, o planeta perderá cerca de 289 milhões de hectares de florestas tropicais, superfície equivalente à da Índia (ou um terço dos Estados Unidos), nos próximos 35 anos. O cálculo é do Center for Global Development, ONG baseada em Washington, que fez uma extrapolação dos dados obtidos em tempo real por satélites e estatísticas de 100 países. Segundo essas projeções, o ritmo de desflorestamento aumentará continuamente até o fim da década de 30, e ganhará ainda mais velocidade nos anos seguintes. Em decorrência, a atmosfera receberá cerca de 169 bilhões de toneladas de dióxido de carbono adicionais – gases que deixarão de ser incorporados à biomassa via fotossíntese ou produzidos por incêndios florestais. É um volume de emissões similar ao produzido por 44 mil termelétricas a carvão ao longo de um ano.
O estudo, realizado por Jonah Busch e Jens Engelmann, utilizou 18 milhões de indicadores de perdas de cobertura florestal obtidos por imagens via satélite entre 2001 e 2012, além de dados de topografia, presença de unidades de conservação e viabilidade de exploração agrícola, dentre outras. Ele também fez uma projeção de como as populações locais reagirão, ao longo das próximas décadas, a novas políticas florestais e à evolução dos preços das commodities agrícolas.
Os autores chamam a atenção para o fato de que evitar que todo esse carbono chegue à atmosfera é muito mais fácil e barato do que, por exemplo, reduzir as emissões veiculares ou industriais. “A remoção de florestas tropicais produziu quase tantas emissões anuais quanto a União Europeia entre 2001 e 2012 (…) reduzir emissões via conservação de florestas tropicais custa cerca de um quinto do custo de redução do mesmo volume de emissões na União Europeia”, diz o estudo.