“Governos não podem fazer chover. O que podemos fazer é tentar gerir melhor o rio”, afi rmou a ministra para Mudança Climática e Água da Austrália, Penny Wong, ao anunciar em fevereiro a primeira compra de água da Bacia Murray-Darling. A administração do novo premier Kevin Rudd alocou 50 milhões de dólares australianos para adquirir os direitos de uso da água de agricultores e irrigadores que queiram vendê-los, com o objetivo de mantê-la correndo, e, assim, ajudar os rios, a biodiversidade e o meio ambiente. Segundo Penny Wong, é o “pagamento de um sinal para o futuro do Rio Murray”.
A Murray-Darling precisa de ajuda. Uma das maiores áreas de drenagem da Austrália, ela cobre um sétimo do continente, encampa quatro estados e abriga grande biodiversidade. Embora receba apenas 6% da precipitação anual, é responsável por mais da metade da irrigação e por 40% dos alimentos produzidos no país. A produtividade e a sustentabilidade da bacia estão ameaçadas pela superalocação de licenças para uso de recursos hídricos — de responsabilidade dos estados —, a salinidade e a mudança climática.
Estudo da Australian Academy of Technological Sciences and Engineering aponta que, se a alocação de recursos hídricos for mantida, a demanda por água vai suplantar a oferta antes de 2020.
A superalocação tem origem nas políticas de desenvolvimento de áreas semi-áridas, baseadas na irrigação. A partir dos anos 90, o foco mudou para a sustentabilidade dos recursos hídricos e incluiu a formação de um mercado de água, que cresce a olhos vistos e deve começar a negociar derivativos — opções de compra e venda futura de direitos de uso da água — em breve.
À parte as esperanças de mais chuva, o governo federal estabeleceu um fundo de 2 bilhões de dólares australianos, tenta engendrar um acordo com os estados para rever a distribuição de direitos de uso e um plano para modernizar a irrigação.