Entre as muitas teorias que buscam explicar o surgimento da linguagem, uma especialmente dignifica a espécie humana: falamos porque estamos profundamente interessados nos outros e porque temos a capacidade de pensar a partir de sua perspectiva.
São os mesmos motivos que, pensando bem, guiam nosso campo de atuação. Procure o significado da palavra “sustentabilidade”, e encontrará a busca do bem-estar comum, levando em conta o ponto de vista não apenas das outras pessoas, mas até mesmo circunstâncias de outros tempos, como as das gerações que ainda vão nascer.
Não por acaso, falar e agir devem andar juntos.
Convidamos aqui a uma incursão pela linguagem e pelos caminhos por onde as palavras passaram. A começar da expressão “palavra”: uma das interpretações é a de que venha de palatum, particípio do verbo latino palor, que significa errância, caminhar sem rumo. Por não estar escrita em pedra, essa dinâmica errante da oralidade é que dá vida à língua. É a oralidade que dá vida às palavras e ao conhecimento que representam. Essa dinâmica, por não estar escrita em pedra, é continuamente enriquecedora.
Adriano Bechara, um dos estudiosos em Etimologia ouvidos por Página22, defende a palavra não como um ponto de chegada, mas de partida. O exercício de buscar os sentidos originais permite puxar diversos fios, resgatar concepções de mundo e pensar o futuro.
Esta edição, que inaugura um conteúdo totalmente digital, abre-se à aventura do “falar”, à sustentabilidade em que nada é permanente, mas que permanece em contínua mutação.
Boa leitura!*
*Lembrando que ler, do latim legere, vem do grego arcaico legein, que significa ligar. Ler é lançar fios, estabelecer ligações, tecer redes. Tudo o que buscamos fazer, pelas palavras e pelas ações.