A nova agência do Ace Bank, no centro de Bruxelas, com ares modernosos e repleta de jovens em sua equipe, chama a atenção de quem passa não somente pelo visual, mas também pelo conteúdo de sua mensagem.
Quem se interessa pela novidade entra na agência e escuta dos funcionários qual é a do novo banco: a nossa filosofia é lucrar o máximo possível. Até aí, tudo bem, nada muito diferente do que fazem – ou pretendem fazer – os bancos do mundo inteiro. A forma como se chega lá é que espanta, e a sinceridade deles também.
O simpático funcionário esclarece que usa o dinheiro investido de seus clientes para financiar negócios feitos em países onde são pagos salários baixos e não existem sindicatos nem leis ambientais; investem em empresas de armamento que fomentam a guerra do Iraque (assim como em empreiteiras que promovem a sua reconstrução); e inclusive apostam em modelos de negócio que usam mão-de-obra infantil, afinal “também é humanitário dar direito a uma criança de trabalhar”.
O choque dos clientes (ou a animação de alguns outros) faz com que a ideia do Ace Bank tenha se tornado um sucesso naquilo a que se propôs. Não, não era um banco de verdade, mas sim uma farsa montada pela ONG Netwerk Vlaanderen, há dois anos, cuja intenção era justamente despertar a curiosidade das pessoas sobre como o dinheiro delas está sendo investido.
Após uma semana do suposto “lançamento” do banco, o órgão regulatório do setor na Bélgica começou a investigar o caso, e então a história foi esclarecida em uma coletiva de imprensa. “Se formos fechados por nossos padrões éticos, muitos outros bancos também devem parar de funcionar”,diz um dos atores antes do fim da coletiva.
Nessa mesma ocasião, a equipe da Netwerk Vlaanderen divulgou investimentos de gigantes bancários europeus em empresas bem parecidas com aquelas que seriam supostas parceiras do Ace Bank – ou seja, eles fazem o mesmo, só não propagandeiam publicamente a ideia. No site da organização é possível encontrar uma tabela com o nível de investimentos antiéticos de grandes bancos europeus (o Deutsche Bank é o primeiro da lista negra).
A história não te deixa curioso em saber pra onde seu banco manda o seu dinheiro?
Assista ao lado dois vídeos sobre o caso Ace Bank.