Histórias e ideias de quem lê Página22
Fábio Deboni acompanhou as primeiras experiências brasileiras na direção de unir sustentabilidade e juventude. Estava no Ministério do Meio Ambiente, quando a então ministra Marina Silva foi questionada pela filha, de 11 anos, sobre o que o governo planejava para os jovens na área ambiental. Da proposta inicial de uma conferência de meio ambiente para os adultos, a ministra encomendou à recém-chegada equipe pensar, em alguns meses, um projeto para mobilizar os jovens. Era 2003 e Fábio chegava a Brasília disposto a ver seus ideais de educação ambiental postos em prática.
“O primeiro desafio era mobilizar jovens de 11 a 14 anos em todo o Brasil, e o segundo, colocar a sustentabilidade na pauta do movimento estudantil existente País afora”, diz. Munido das duas ambiciosas tarefas, Fábio e equipe rodaram os 27 Estados brasileiros mapeando os futuros líderes que poderiam constituir os coletivos jovens de meio ambiente – princípio de uma rede que segue articulada até hoje e é fundamental para o debate da sustentabilidade. “De certa forma, essas organizações surgiram em decorrência do esforço do ministério naquela época”, diz o consultor. O ápice do trabalho, e que daria a resposta à filha de Marina, foi a 1ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, na UnB, naquele mesmo ano. Foi a partir dali que o Ministério da Educação encampou programas de formação ambiental para as escolas e a semente de práticas que têm continuidade nas comunidades escolares.
De lá pra cá, qual tem sido o envolvimento dos jovens na causa ambiental? “Houve uma evolução considerável. Hoje temos políticas públicas específicas para os jovens. Eles não percebiam que podiam pressionar e demandar ao Estado. Eu tenho visto as redes cibernéticas como um caminho interessante, que propiciam um diálogo e uma mobilização internacionais”, responde.