Acabado o corre-corre do Natal, Papai Noel terá de se concentrar na faxina do Polo Norte. Estudo recém-divulgado pela ONG Robin des Bois (Robin Hood em francês), baseada em Paris, mostra que o Ártico, embora escassamente povoado, sofre com todo o tipo de poluição trazida pelo vento e as correntes marítimas. Além disso, bases militares e científicas, projetos de prospecção e exploração de gás e petróleo, complexos de mineração e siderurgia e o acúmulo de lixo doméstico comprometem uma paisagem que, devido às baixíssimas temperaturas, tem pouca capacidade de recuperação.
A Robin des Bois verificou a existência de 2.750 áreas contaminadas na região. Dentre as substâncias tóxicas encontradas, ela lista hidrocarbonetos, metais pesados (chumbo, mercúrio, cádmio) e poluentes orgânicos persistentes, como pesticidas e PCB.
O estudo também revela que os Inuits (grupo étnico que inclui os esquimós) que vivem na Groenlândia e no norte do Canadá apresentam altas taxas de mercúrio e PCB no sangue – das mais altas do mundo. Essas populações se alimentam quase que exclusivamente de peixes e mamíferos marinhos, que concentram tais poluentes em seus organismos.
A entidade compilou dados fornecidos por seis países da região – mas ficou sem os dados da Rússia, que se negou a participar do estudo. Alguns desses países têm buscado recolher os contaminantes e depositá-los em aterros impermeabilizados e controlados. Dado o alto custo do seu transporte, só em raríssimos casos os resíduos são enviados a centrais de tratamento. Ainda segundo a Robin des Bois, os países mais avançados nesse esforço de controle da poluição são os Estados Unidos e o Canadá, seguidos pela Escandinávia.
Grupos ambientalistas têm trabalhado para que o Ártico possa ser protegido nos mesmos termos do Tratado Antártico, de 1959, que proibe atividades militares e a exploração mineral no Polo Sul. Entretanto, esse conceito é combatido pelos países envolvidos, que têm muitos projetos de exploração econômica no Ártico.