Recebemos um press release do tipo mais questionável de “gestão de crise”. Após a morte da treinadora Dawn Bracheau num incidente envolvendo uma orca, o SeaWorld quer que saibamos que sua equipe de salvamento resgatou um peixe-boi na costa da Flórida e que, após tratamento, deve devolvê-lo ao mar.
“Acredito que vocês estejam acompanhando a triste notícia sobre a morte de uma de nossas treinadoras no parque SeaWorld Orlando (…) Dentro dessa nova situação, o SeaWorld acredita ser cada vez mais necessário oferecer à imprensa informações sobre os trabalhos no salvamento e proteção da vida marinha, informações estas que não são conhecidas por muita gente”, diz o texto da relações públicas, Marjori Schroeder.
Dá até para imaginar o raciocínio da equipe de comunicação: o que é que a gente tem aí de bonito pra jogar de bate-pronto? A coisa é tão escancarada que o parque chega a prejudicar a imagem de uma ação que até deve ser muito legal, mas nesse caso serve apenas para desviar a atenção da tragédia. Uma espécie de lava-rápido, como disse a Amália, nossa editora.
É bom para perceber que o famoso “greenwash” não é o único tipo de “wash” que existe. A polêmica sobre o encarceramento de animais e a segurança do parque permanece. Melhor seria se o SeaWorld se ativesse a responder às críticas frontalmente, com transparência, em lugar de tentar distrair o público e a imprensa.