Lá se foi mais um ano e amanhã é novamente dia de passar uma hora no escuro – é a Earth Hour ou Hora da Terra. A Austrália é meio que o epicentro da Hora da Terra, pois a ideia de incentivar pessoas e empresas a conservar energia, e consequentemente a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, nasceu aqui em 2007. A ideia pegou e esse ano a Hora da Terra acontece em 92 países.
Ano passado apaguei luzes e aparelhos eletrônicos religiosamente às 20h30 e, pernas para que te quero, subi de bicicleta uma colina perto de casa de onde se vê o centro da cidade de Perth, cujos arranha-céus permanecem iluminados diuturnamente. Foi recompensante ver as luzes do centro apagadas pela primeira vez, embora tenham levado com elas todo o brilho do skyline dessa cidade que quer tanto ser metrópole. Na noite dia seguinte, e nas que se seguiram, lá estavam todas elas de novo, acesas simplesmente para que houvesse skyline.
A Hora da Terra é a marca de uma campanha da WWF, criada pela agência Leo Burnett, por meio da qual a organização tenta conscientizar quanto às mudanças climáticas e sua relação com o consumo de energia. A campanha começou em Sydney – a Austrália é um dos maiores emissores per capita de carbono, principalmente por causa da queima de carvão para geração de eletricidade – e se espalhou. Hoje parece que não há empresa, grande ou pequena, que não queira se aliar à Hora da Terra, apagar luzes não-essenciais por uma hora e ganhar um verniz verde de graça. Mas e o que vem depois?
A Hora da Terra é interessante por mostrar, em imagens concretas como a do skyline apagado, o impacto de cada indivíduo no meio ambiente. Por outro lado, como indivíduos, hoje parece que tudo que podemos fazer para a transição a uma economia de baixo carbono é ficar no escuro. Gosto de acreditar que temos outras escolhas a fazer, desde como e em quem votar até, por que não, engajar-se social e politicamente para o bem coletivo.
Acredito que para muita gente comprometida em diminuir sua pegada ambiental, a Hora da Terra é um evento importante e merecedor de apoio. Para outros, porém, talvez seja meio que uma penitência, como se passar uma hora no escuro compensasse todas as demais horas e dias em que as preocupações ambientais são as últimas da fila. Depois da Hora da Terra, é business as usual no planeta Terra? Para você, quanto um evento carismático como esse incentiva a mudança de comportamento e escolhas além de simplesmente apagar a luz?