Por Amália Safatle
Tornar-se carbono neutro é sinônimo de plantar árvores, certo? Errado. O processo para que uma empresa neutralize suas emissões de carbono é bem mais complexo que isso. “Para que nosso discurso não ficasse vazio, como se a empresa estivesse aproveitando um tema que virou moda, procuramos divulgar um projeto com bastante consistência”, afirma Daniel Gonzaga, diretor de pesquisa e tecnologia da Natura. O objetivo é reduzir em 33% as emissões atuais ao longo de cinco anos. “É uma meta agressiva, mas compatível com as mudanças de processos e aprimoramento de tecnologia em cada área de atuação da empresa”, diz.
Um primeiro passo foi fazer o inventário das emissões, considerando, além do carbono gerado entre os muros da fábrica, a cadeia de fornecedores, o transporte, as viagens de seus executivos. Assessorada pela consultoria Fábrica Ethica, a empresa contabilizou 107.525 toneladas de CO2 equivalente em 2005 e 120.492 em 2006, incremento que se deveu principalmente ao aumento da produção. Esse inventário ainda será submetido à auditoria externa da DNV Brasil.
O segundo passo é a redução das emissões, por meio de medidas como maior uso de refil nas embalagens, utilização de gás natural na frota, troca de matérias-primas de origem mineral por vegetal, entre outras.
Na terceira etapa, o que for não reduzido, será mitigado em projetos de compensação. “Não pela aquisição de créditos de carbono, que são como compras de indulgência”, diz Gonzaga, ” mas pelo investimento em projetos que contribuem para a redução de emissões e tenham componentes sociais”, diz. Para isso, a empresa lançou em outubro um edital público pelo qual irá selecionar projetos focados em reflorestamento, energias limpas e renováveis e outras iniciativas inovadoras. A empresa receberá inscrições até 30 de novembro. Os projetos escolhidos serão divulgados na segunda quinzena de dezembro, para entrada em operação no ano que vem.