Há duas semanas, um atentado no Paquistão, perto da fronteira com o Afeganistão, explodiu quatro tanques de combustível utilizados pelas tropas da Organização do Tratato do Atlântico Norte, a OTAN. Na semana passada, outros 46 tanques foram incendiados na região. Segundo artigo publicado pelo New York Times, o Exército concluiu que um indivíduo, civil ou militar, morre a cada 24 comboios de combustível transportados durante a guerra do Afeganistão, que já se arrasta por 10 anos. Além de arriscado, esse transporte é custoso. O Exército paga US$ 1 por galão de combustível e até US$ 400 para levá-lo através do Paquistão, cruzar a fronteira e chegar às areas afegãs conflagradas.
Tais perdas humanas e financeiras estão levando os militares norte-americanos a buscar alternativas energéticas que dispensem o transporte de petróleo. Uma unidade de fuzileiros navais já está usando painéis solares portáteis, barracas cobertas de unidades fotovoltaicas, capazes de fornecer tanto proteção quanto eletricidade, e recarregadores solares para computadores e equipamentos de comunicação. Outras unidades se preparam para seguir pelo mesmo caminho.
A Marinha, por sua vez, inaugurou um veículo anfibio que utiliza eletricidade e não combustíveis fósseis, economizando 900 mil barris de petróleo na sua viagem inaugural, no ano passado, entre o estado do Mississipi e San Diego, na California. Ela também está testando um combustível à base de algas. Por fim, a Força Aérea está considerando a possibilidade de conversão de todas as suas aeronaves para que possam utilizar biodiesel. Ela já está realizando testes em que utiliza uma mistura de combustível de aviação (de origem fóssil) com biodiesel.
Segundo o Times, embora as renováveis representem uma porcentagem mínima da energia consumida pelas Forças Armadas dos EUA, isto deverá mudar. As lideranças militares teriam um plano de expandi-las rapidamente ao longo da década. Ray Mabus, secretário da Marinha, declarou ao jornal que espera que 50% da energia consumida por bases e veículos da Marinha e dos fuzileiros navais venha de fontes renováveis até 2020.
O interesse militar, evidentemente, pode acelerar a expansão dessas tecnologias. Basta lembrar que os microchips, a alma de todos os computadores modernos, só conseguiram chegar ao mercado devido à demanda criada pela Nasa e a Força Aérea, que precisava deles para viabilizar a construção de mísseis inteligentes e leves.