Dizem que Lagos, ex-capital da Nigéria, é atualmente o que muitas cidades serão no futuro. Hoje essa metrópole de 16 milhões de habitantes convive com congestionamento crônico, super população, desemprego e a quase inexistência de infraestrutura. Com estimadas 6 mil almas chegando de várias partes da África todos os dias, a perspectiva é que tais condições só piorem. Mas as autoridades locais prometem reverter esse futuro e transformar Lagos em um modelo de megacidade.
Para tal, precisam investir em tudo, da rede de esgoto e água encanada, passando por transporte, educação, saúde, até o combate à corrupção. Mas apesar dos esforços que já duram alguns anos e do entusiasmo do governador do Estado de Lagos, Babatunde Fashola, a grande maioria da população ainda vive nas margens. Literalmente. Algumas das estimadas 100 favelas da cidade estabeleceram-se sobre a Lagoa de Lagos, roubando espaço da água com o acúmulo de lixo. A grande parte dos moradores vive de pequenos negócios, da venda ambulante ou da reciclagem.
Um dos pontos mais visíveis do programa do governo é a desobstrução de ruas e avenidas para que o tráfego flua, com a expulsão de ambulantes e pequenos comerciantes, o que causa protesto entre a população. Mas como mostra um recente documentário da BBC, os residentes de Lagos são extremamente adaptáveis – boa parte do que foi destruído leva apenas dias para se recompor.
Concomitantemente aos esforços estatais, um projeto privado – com apoio do governo – pretende criar uma nova cidade dentro de Lagos. Planejada, a Eko Atlantic vai se estabelecer sobre nove quilômetros quadrados reclamados do mar, contendo a erosão na costa da Ilha Vitória. A ideia é criar ali uma cidade moderna, gerando empregos e moradia e que, espera-se, melhore as condições de vida de toda a região.
Segundo as Nações Unidas, megacidades são conubarções de mais de 10 milhões de habitantes. Se o futuro de Lagos será modelo, difícil dizer, mas com certeza será ainda mais mega. Ao contrário de outras regiões de mundo, em que o crescimento urbano deve desacelerar nas próximas décadas, as cidades da África devem se expandir, com Lagos e Kinshasa entrando para a lista das maiores do mundo até 2050.