Autor: Amália Safatle e Magali Cabral

A nova época geológica, que poderia ser oficialmente determinada em agosto, foi objeto de reportagem em 2008. A definição contribui para compreender o impacto humano, até então desastroso, sobre a Terra. Mas também serve para que um país como o Brasil se veja apto a protagonizar o Antropoceno 3.0, desta vez inteligentemente manejado

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Já em 2012, o economista Pavan Sukhdev mencionava uma janela de 12 a 15 anos para o mundo promover uma transição ao baixo carbono. Doze anos se passaram e ainda há importantes corporações trabalhando justamente na direção contrária

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O dia 8 de maio de 2019 foi histórico não só por reunir ex-ministros que representam quase três décadas de atuação na área ambiental do Brasil, mas também por agregar visões de diferentes posições políticas em torno de objetivos comuns. Esses ex-funcionários do Estado brasileiro mostraram que, em prol de causas maiores como a defesa da vida e o bem-estar das pessoas no País e no mundo, vale superar quaisquer diferenças partidárias. A ameaça do bolsonarismo ao meio ambiente serviu como grande catalisador para o encontro. Diante do desmonte sem precedentes praticado pelo atual ministro Ricardo Salles em políticas ambientais…

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Dados certeiros poderiam oferecer uma visão mais clara das mazelas das periferias e ajudar os gestores públicos a saná-las É como um diagnóstico médico. Se errarem a doença que você tem, nenhum tratamento dará certo”, resume a pesquisadora do Observatório das Metrópoles e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) Suzana Pasternak, ao tentar explicar o que leva ao naufrágio tantas políticas voltadas para a periferia. Chega a ser um tanto desconcertante que o principal problema a ser enfrentado hoje ainda seja o desconhecimento da realidade. Afinal, estamos praticamente imersos em dados. Nos últimos anos, as…

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Por Amália Safatle e Magali Cabral Dizem que a periferia é carente – mas carente do quê? Só o Estado pode dar escala às políticas de transformação social – mas de que Estado estamos falando? Os resultados de educação das escolas das periferias não são tão distintos dos consolidados de outras regiões – mas leva-se em conta a desigualdade que existe dentro de cada uma dessas localidades? Fulana de tal empreendeu na favela – ou estava apenas tentando sobreviver? Perguntas como essas indicam que lidar com a questão das desigualdades socioespaciais no Brasil requer um olhar bem mais aprofundado e…

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Por Amália Safatle A atividade da prostituição deveria ser regulamentada, de modo a garantir uma prática segura que respeite direitos trabalhistas? Ou abolida, para evitar que as mulheres e outras minorias sejam vítimas de um sistema patriarcal que as explora? O feminismo deve ser contra ou a favor da prostituição? Os argumentos de um lado e de outro despertam muita polêmica. Página22 ouviu duas opiniões divergentes, leia nas entrevistas a seguir. [Ponto] Para a antropóloga Letizia Patriarca*, no que se refere à prostituição, existem as pessoas que de alguma forma escolhem exercer a atividade e as que praticamente não têm…

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Por Amália Safatle Nas ruas do Jardim Itatinga, em Campinas, o tráfego é constante, sobretudo de caminhoneiros. O bairro foi criado às margens da Rodovia dos Bandeirantes – e à margem da cidade – para que ali se estabelecesse uma área de prostituição, hoje considerada a maior da América Latina. Construir o bairro foi uma forma de tentar banir a atividade do Centro e, assim, “revitalizá-lo”. Em meio à movimentação da clientela no Itatinga, Betânia Santos* recebeu a Página22 na subsede da Associação Mulheres Guerreiras, da qual é coordenadora-geral. Prostituta com orgulho, Betânia Santos conta ser muito grata à atividade…

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[Esta entrevista com Antônio Carlos Sartini mostra como a língua do colonizador português se firmou no Brasil. Leia aqui a entrevista com Eduardo Navarro, que aborda as línguas dos povos colonizados] O Museu da Língua Portuguesa, que mal pôde comemorar os 10 anos em março, está tão vivo quanto a própria língua que representa. Era 21 de dezembro quando uma forte variação termoelétrica teria gerado uma faísca que o pôs em chamas, comovendo o público. Sucesso de visitação, principalmente entre estudantes, o museu se prepara para renascer com uma linguagem em tempo real, conversando com pessoas de todo o Brasil…

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Das origens misteriosas ao internetês, a linguagem volta à pauta turbinada pela era digital A despeito de vários séculos de esforço científico sobre o assunto, tudo o que diz respeito às origens da capacidade humana para a linguagem e da procedência das línguas ainda está envolto em um manto de mistério. “O máximo que conseguimos fazer é especular sobre como a linguagem apareceu, mas esse é um tema tão interessante que há conferências científicas regulares em torno disso”, reconhece, até com uma pitada de autoironia, Martin Haspelmath, linguista alemão que trabalha para Instituto Max Planck para a Ciência da História…

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Embora desgastadas pelo tempo, as narrativas sobre um Brasil manso e acolhedor com as diferenças sobrevivem e são invocadas para maquiar a secular dificuldade em conviver com o diverso Composta em 1939, a emblemática Aquarela do Brasil , que se tornaria a matriz para o  samba-exaltação [1], representa, logo de cara, o Brasil como um “mulato inzoneiro”. Ainda que fique meio escondida por trás do vocabulário pouco acessível de Ary Barroso, há – nesse verso e nessa canção – uma concepção precisa de brasilidade destilada em conformidade com conceitos que haviam entrado no campo de ideias poucos anos antes. Especialmente…

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