Fazer com que Copenhague passe praticamente em branco é uma decisão de alto custo humano e com consequências terríveis para o planeta. É o que conta Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), ao jornal britânico The Guardian.
Depois de pressão vinda de todos os cantos do planeta, o presidente norte-americana Barack Obama declarou que é preciso sim chegar a um acordo abrangente durante a COP 15, que acontece em dezembro em Copenhague, após Estados Unidos e China terem adotado durante o final de semana uma postura de distanciamento em relação a metas concretas a serem definidas durante a reunião.
Steiner defende que Copenhague representa um momento crucial para as decisões políticas em caráter global em relação às mudanças climáticas. Entenda porque a COP 15 representa A Hora H e leia a entrevista com ele na Página 22.
“Já aconteceram milhares de reuniões, cúpulas e workshops. Se você perder este momento você corre o risco de entrar em um processo sem fim e, antes de perceber, chega à mesma situação da rodada de Doha nas negociações da Organização Mundial do Comércio”, disse.
A luz no fim do tunel dinamarquês
Outras figuras importantes do cenário internacional acreditam que nem tudo está perdido. Ed Miliband, secretário de mudanças climáticas do Reino Unido, considera que um acordo que trate de diretrizes relativas a metas de médio prazo, financiamento de países subdesenvolvidos e transferência de tecnologia tem de ser estabelecido – resultando em um acordo “compreensível” e “ambicioso” que traça o caminho de um tratado legalmente vinculante.
Dentro do próprio Reino da Dinamarca é possível reconhecer vozes distoantes. O primeiro-ministro do país, Lars Loekke Rasmussen, foi quem propôs no final de semana um plano que prevê adiar um acordo para meados de 2010, o que foi rapidamente abraçado por por Estados Unidos e China.
Mas a ministra de Clima e Energia dinamarquesa, Connie Hedegaard, defende que a Conferência tem que ser o momento para o estabelecimento de prazos. “Temos de fazer isso, pois assim não terminamos com algo que se arrastará por anos e anos”, disse ela.
Adiar decisões e estabelecer parâmetros um tanto quanto vagos não é novidade no histórico recente das COPs. A COP de Bali (13) determinava 2009 como sendo o prazo para se pensar o período pós-2012, e cá estamos, em um emaranhado de digressões políticas que dificilmente levarão a um acordo profundo.
Confira abaixo nossa linha do tempo com os eventos desde a primeira das COPs.