A mudança climática não é algo que será solucionado, mas sim uma ideia que pode ser usada para alcançar objetivos ambientais e sociais, afirma o geógrafo britânico Mike Hulme. Isso depende, porém, de abandonarmos a noção de que precisamos de um acordo global negociado por Estados nacionais com metas de longo prazo – como o que se perseguirá em Copenhague no mês que vem.
Hulme vê Copenhague como uma distração e as metas de longo prazo para redução de emissões como convenientes politicamente. Autor do livro Why We Disagree About Climate Change, ele destaca que é impossível satisfazer todas as partes em Copenhague, mas lembra que temos compromissos já assumidos e que, se focarmos em prazos mais próximos, setores individuais e nos diversos níveis de governança e responsabilidade existentes hoje, haverá progresso.
O senhor escreveu que “a ideia de clima muda tanto quanto, se não mais do que, o próprio clima”. Que ideologias a mudança climática carrega hoje? Não podemos tocar, sentir ou mesmo observar o clima. Tocamos, sentimos e observamos o tempo em nossas localidades, mas clima é uma ideia construída e, portanto, tem uma história, que depende da cultura em que nos inserimos. A noção de clima para as populações tradicionais da Amazônia é muito diferente daquela da Europa Ocidental, por exemplo. Quando falamos em uma mudança no clima, adiciona-se uma camada extra de racionalização e deliberação. Trata-se de uma mudança a partir de uma linha de base que aceitamos como normal, e qualquer desvio se torna anormal? Tentamos preservar as coisas como eram antes que os homens se tornassem numerosos no planeta? Ou tomamos uma posição mais conservacionista para preservar o clima não em sua forma pura, mas para que sirva às nossas necessidades? Uma terceira posição, mais radical, seria equivalente a dizer “queremos ser administradores ativos, não temos medo da mudança, não achamos que há nada de especial em como o clima era antes dos humanos”. Se esse é o caso, talvez devêssemos ver o clima como qualquer outro dos recursos que não hesitamos em explorar e exaurir. Só essas três posturas – preservação, conservação e manipulação – mostram que pode haver posições muito diferentes. Não são posturas reveladas pelo método científico, você tem de adotá-las.
Por isso é tão difícil concordar sobre como agir? As ideologias da natureza, traduzidas em ideologias da mudança do clima, são parte da dificuldade. Outra parte importante é que muito rapidamente cai-se na discussão, e na controvérsia, sobre a desigualdade global e a responsabilidade histórica sobre ela. Acabamos envolvidos em discussões sobre o legado do colonialismo e os resultados desiguais de um sistema capitalista global que, por uma razão ou outra, favorece o Ocidente – a Europa e a América do Norte.
Talvez a razão pela qual discordamos sobre mudança climática seja o fato de que discordamos sobre todo o resto. Exatamente. A mudança climática não é um tema apenas ambiental, como a destruição do ozônio atmosférico. Nos anos 80, esse era um fenômeno ambiental muito preciso, com causa e efeito simples, não se enredou nem nas ideologias da natureza nem na moralidade política de dívidas do passado. Era simplesmente “aqui está um produto químico que causa um problema ambiental específico, vamos eliminá-lo”. A mudança climática é totalmente diferente. Nos últimos anos, muitos dos nossos velhos problemas e das razões para a insatisfação no mundo foram descarregados sobre ela e os negociadores que irão a Copenhague em algumas semanas não terão de lidar só com a mudança do clima em si – o fato de que os gases de efeito estufa alteram a atmosfera -, mas também com preocupações sobre biodiversidade, desenvolvimento, direitos das populações tradicionais, patentes sobre novas tecnologias. Há temas e mais temas que a mudança climática trouxe para a mesa. De certa forma, em Copenhague tentaremos solucionar todos os problemas do mundo.
Com essa carga, é importante que haja acordo? Se não houver, o mundo acaba no dia seguinte? De fato, o primeiro-ministro (britânico) Gordon Brown disse ontem (19 de outubro) que tínhamos “50 dias para salvar o mundo”. Não, o mundo não para depois de Copenhague. Para mim, essa forma de apresentar a mudança climática, essa urgência apocalíptica, não ajuda. A ideia de que há tipping points após os quais todo o sistema colapsa não é demonstrável cientificamente e não acho que seja útil politicamente. Copenhague será um desafio, sem dúvida, mas existe tanto investimento político no processo que haverá algum resultado que líderes políticos de todo tipo dirão ser pelo menos satisfatório. Muito provavelmente será uma plataforma para que haja mais discussão para que de fato se elabore um novo protocolo. Mas não será um acordo que satisfará todas as partes interessadas.
É possível satisfazer todas as partes? Não, por causa desses interesses conflitantes. Se voltarmos às ideologias associadas à mudança climática, é fácil ver por quê. De um lado temos uma narrativa que diz “a mudança climática é resultado de uma falha de mercado, do fato de que a atmosfera é livre e a poluição não tem preço, temos de trazer a atmosfera para o mercado, criar esquemas de negociação de emissões, dar um preço ao carbono, garantir que o mercado seja global para que encontre as soluções de menor custo”…
…é a narrativa dos países desenvolvidos? Os EUA fizeram isso com certo sucesso nos anos 80 com o dióxido de enxofre, mas os europeus compraram a ideia fortemente, e todos falam como Londres ou Frankfurt serão a capital do carbono, com grandes oportunidades de negócios. É uma narrativa poderosa que as nações desenvolvidas ocidentais promovem. Mas ponha-a junto com outra – também poderosa, promovida pelos movimentos ambientalistas e civis, certamente na Europa – que diz que a mudança climática revela os limites do crescimento movido a consumo, que não podemos continuar a desenvolver as sociedades e a economia global com base em uma economia perpetuamente expansionista. É diametralmente oposta à ideia de que basta o mercado para solucionar a mudança climática, pois ela diz: “Não, o mercado é parte do problema, temos de repensar, certamente no Ocidente, o que se quer dizer com crescimento”. A recessão global dos últimos dois anos reforçou essa posição. Há outras, mas só essas duas posições mostram por que não se pode, ao mesmo tempo, solucionar a mudança climática pelo mercado e com a redução do consumo. É incompatível.
China, Índia e Brasil parecem esconder-se atrás do rótulo de “em desenvolvimento”, embora tenham situação diferente daquela dos países mais pobres. Qual a sua visão? Nos anos 80 e 90, os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) não eram tão poderosos política ou economicamente, mas nos últimos anos se tornaram economias importantes e sua voz política é ouvida mais claramente. Não há surpresa, é o que todas as nações fazem, proteger seus próprios interesses: “Como a ideia de mudança climática pode ser usada de forma a maximizar os benefícios para nosso povo, nossa economia?” O interesse próprio é um motivador poderoso para os Estados nacionais. A posição dominante nesses países, eu diria, não é a de tentar controlar a mudança climática, mas a de usar essa ideia para continuar se desenvolvendo.
Acho que uma das discussões fortes no Brasil é a questão da Amazônia – como o Brasil pode reforçar sua autoridade sobre a administração dos recursos amazônicos, ao mesmo tempo que reconhece que o mundo tem interesse devido ao papel da Amazônia como sumidouro atual e potencial de carbono e, portanto, com potencial para transferência financeira sob o mecanismo de Redd (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação).
Acabo de visitar a Índia e ouvi esta narrativa, que diz: “A Índia é uma economia emergente, mas ainda temos meio bilhão de pessoas que não têm bom acesso a educação, saúde, água limpa e eletricidade, temos enormes necessidades de desenvolvimento e queremos usar a mudança climática para garantir transferências financeiras”. A linguagem mais radical fala em reparação, como reparação de guerra, nesse caso por dano ambiental. A posição indiana é claramente a de usar a mudança do clima para cobrar um preço do Ocidente. A China é o maior emissor do mundo, sua economia se expande rapidamente, em breve vai competir com os EUA. Os chineses reconhecem algumas das preocupações ambientais, qualidade do ar, falta de água, mas também que seu desenvolvimento demanda energia. Acho que querem usar a ideia da mudança climática para acelerar a inovação e a exploração de novas tecnologias, e farão qualquer coisa para obter transferências financeiras ou direitos de propriedade intelectual para que possam dar um salto sobre as tecnologias que o Ocidente explorou. Brasil, Índia, China, cada um vai usar a mudança climática de forma diferente para tentar alcançar seus objetivos nacionais ou de desenvolvimento.
Mas, para cortar emissões, é preciso que eles ajam. Isso remete à questão: a mudança climática é um problema de ação coletiva para o qual temos de ter uma estrutura universal em que todas as partes assumem responsabilidade de reduzir emissões? É um dos pontos controversos. Uma das bases científicas da mudança climática é a história de que ela vai mudar todo o funcionamento do planeta – não é só que a Rússia vai ficar 2 ou 3 graus mais quente, o cinturão verde do Canadá vai mover-se para o norte ou o risco de enchentes em partes da Índia pode crescer.
Um dos argumentos usados pelos ativistas, enraizado em uma leitura científica do problema, é que de fato há tipping points ou riscos globais significativos. Portanto, as nações não podem simplesmente dizer “aqui estão os custos da mudança climática, aqui os benefícios – qual é nosso interesse na Índia, na China ou mesmo no Reino Unido?” Não se pode fazer a contabilidade nacional dos custos e benefícios, temos de enxergar isso como um risco para o sistema planetário. Essa posição se tornou mais visível nos últimos cinco a oito anos, é bastante forte na Europa Ocidental e no Reino Unido, mas o argumento não ressoa emocional ou intelectualmente no resto do mundo. É por isso que as grandes economias em transição continuam a ver a mudança climática por uma ótica nacionalista, e não global. Minha posição é bastante ambígua, pois não estou totalmente convencido pela narrativa científica que diz que há riscos globais.
O senhor diz que não há prova científica de tipping points globais? Estamos lidando com ciência ainda exploratória, não entendemos como o sistema terrestre funciona, nós o enxergamos como que por trás de um vidro, embaçado. Vemos que há riscos, este ou aquele efeito podem acontecer aqui ou ali, mas não podemos dizer a probabilidade de que ocorram. É o mesmo com os riscos em grande escala, há uma possibilidade, mas não sabemos se vai acontecer com (o aumento da temperatura em) 2 ou 5 graus, quando vai acontecer e quais as consequências. São incertezas científicas. Então, é uma questão tanto de posição ideológica quanto de interpretação dos relatórios científicos. Se você vê a natureza como frágil, à beira do colapso, provavelmente vai enxergar essas pesquisas científicas como críveis. Se, por outro lado, sua posição é de que a natureza – os ecossistemas e o planeta todo – é um sistema resiliente, é menos provável que tome essas explorações científicas pelo valor de face. Há diversas formas pelas quais as pessoas e as culturas enxergam a fragilidade ou a estabilidade da natureza, não é simplesmente um caso de ciência fria e objetiva. Há premissas profundas que enredam a forma pela qual a ciência conta a sua história.
A ciência jamais solucionou qualquer assunto. Vai chegar a uma conclusão sobre a mudança climática? É absolutamente verdade. A ideia de que cinco ou dez anos a mais de explorações científicas vão esclarecer os riscos é uma premissa falsa. Os cientistas podem prometer isso ingenuamente – em alguns casos, maliciosamente, pois sabem que vai ajudá-los a obter mais dinheiro para pesquisa. De qualquer forma, nunca saberemos com certeza quais os riscos ou se cruzamos o tipping point. Pode-se acreditar que cruzamos, ou não, mas a ciência nunca será capaz de provar. A incerteza é endêmica aqui, e por isso posições diferentes sobre a mudança climática serão sempre críveis.
Se a mudança do clima tem diversos significados, o que pode sair de Copenhague? Como alcançar um acordo se todos parecem esperar que alguém aja primeiro? Quase perdemos a noção de qual é o verdadeiro problema: o clima oferece riscos para as sociedades, os indivíduos e as comunidades, sempre foi e sempre será assim. Estamos mudando o clima e, portanto, mudando alguns desses riscos. O fato é que nos preocupamos por causa dos danos sociais e ambientais que o clima pode causar. Esse é o problema. Mas estamos tão enamorados da ideia de um acordo global que o problema no momento é como alcançar um acordo em Copenhague que mantenha todo mundo a bordo. É um clássico exemplo de distração, e eu diria que em outras áreas também a mudança climática age como uma verdade muito conveniente, parafraseando Al Gore.
É conveniente politicamente porque sempre projeta a hora da ação como logo após o horizonte – uma meta para 2050, ou 2020, o acordo em Copenhague para criar condições para um novo protocolo mais para a frente, a tentativa de criar um novo fundo de adaptação para ajudar os países pobres -, quando há várias coisas que poderíamos fazer sem um acordo em Copenhague e que começariam a reduzir alguns dos riscos. O que estamos fazendo para alcançar os Objetivos do Milênio em 2015? E, no Ocidente, para honrar o compromisso de Monterrey, quando dissemos que comprometeríamos 0,7% de nosso PIB para a ajuda de desenvolvimento internacional? Só dois países honraram a promessa, o resto esqueceu porque agora a mudança climática é o grande tema, precisamos de um acordo que solucione os problemas de adaptação. O que fazemos em relação às decisões de curto prazo e locais que não requerem um acordo global?
Vi um ótimo exemplo em Délhi, onde há seis ou sete anos a autoridade municipal decidiu unilateralmente trocar o combustível da frota de veículos da gasolina para o gás natural comprimido. Teve um efeito enorme na qualidade do ar e reduziu as emissões de carbono. Não foi construída como uma medida para o clima, não estava ligada a qualquer negociação na ONU, mas foi uma ação estratégica e lúcida. Há muitas coisas que podem e devem ser feitas. Em vez disso, colocamos todo nosso capital emocional e político em obter um acordo para criar a utopia na Terra. Se todos conseguissem o que querem de Copenhague, estaríamos vivendo em um planeta perfeito. É ilusão.
O senhor citou os Objetivos do Milênio, com certeza não faltam metas. Precisamente. Sabemos exatamente o que temos de fazer para melhorar a alfabetização das mulheres, reduzir a mortalidade infantil, levar água limpa às pessoas. Não são coisas totalmente simples, mas podem ser feitas de forma relativamente simples.
O senhor diz que o Protocolo de Kyoto não é a melhor forma de abordar a mudança climática. O que sugere em seu lugar? Há dez anos eu achava Kyoto maravilhoso, da mesma forma que outras pessoas que trabalhavam com pesquisa, com ativismo ou política. Em parte devido ao Protocolo de Montreal e seu relativo sucesso em controlar as substâncias que destroem o ozônio atmosférico. Pensávamos que o mesmo podia funcionar com a mudança climática. Hoje não estou convencido de que é a maneira de avançar. Imaginar que podemos colocar todas as peças do quebra-cabeça da mudança climática juntas em um acordo em Copenhague é wishful thinking.
Acho que há um papel para acordos ambientais multilaterais, mas Kyoto ou seu substituto não é a única estrutura de que precisamos. Precisamos de uma série de acordos para aspectos ou elementos do problema, quebrando a mudança climática em suas várias dimensões. Por exemplo, poderíamos colocar todos os hidrofluorcarbonos (HFC) sob Montreal. São gases de efeito estufa, não destroem ozônio e, estritamente falando, Montreal não tem nada a ver com isso, mas sabemos que funciona com esse tipo de produto, por que não colocá-los ali? Por que criar um novo fundo de adaptação sob Kyoto, quando todos os argumentos sobre adaptação nos países em desenvolvimento são basicamente uma questão de desenvolvimento?
Faz anos que discutimos isso, pelo menos desde Monterrey, isso tem um fórum. Se tirarmos adaptação da equação, podemos fazer muito com acordos em diversos setores, em vez de fazer com que as nações concordem em reduzir emissões em 20%, 30% ou 40% na economia toda, sob um único acordo. O setor de aviação, por exemplo, pode trabalhar em conjunto para decidir as obrigações e responsabilidades que se dispõe a adotar. Foi feito com certo sucesso pelos fabricantes de carros na Europa, que concordaram voluntariamente em aumentar a eficiência dos motores ao longo de dez anos. O que eu e alguns colegas estamos dizendo é: “Não ponha tudo sobre a mesa para negociar um acordo impossível, quebre a mudança climática em partes, e verá que é mais fácil obter progresso, talvez com diferentes velocidades e resultados. Tire o foco dos Estados nacionais negociando na ONU em nome de seus eleitorados e reconheça que hoje há diversos níveis de governança e de responsabilidade, e que o Estado nacional não é necessariamente o nível adequado para enfrentar a mudança climática”.
Tornaria mais visíveis os custos e benefícios da mitigação das mudanças climáticas? É outra vantagem, tornaria mais transparente – quais ações podem ser tomadas e quais podem ser os custos e os benefícios. Também ajuda com a psicologia, para evitar que o público pense: “Até que esses políticos tenham negociado o acordo deles, há pouca razão para fazer qualquer coisa”. Ao dizer que “não estamos esperando pelos políticos para colocar um acordo maravilhoso sobre a mesa’ e ao agir em diversos níveis, cidadãos e grupos de interesse podem encontrar uma forma de endereçar suas preocupações.
Um bom exemplo dessa paixão pelas reduções negociadas nacionalmente é meu país, o Reino Unido. Temos um ato do Parlamento que estabeleceu em lei a necessidade de cortar as emissões em pelo menos 80% até 2050. É uma tarefa enorme para a economia e a sociedade do Reino Unido, mas ninguém tem ideia de como vamos fazer isso. É uma distração, aplaudimos a nós mesmos por sermos tão radicais, mas continuamos em dificuldades.
Tornou-se um tema político? É ótimo para um político dizer que foi responsável por passar a lei pelo Parlamento, mas não há responsabilidade sobre aquele político individualmente. É como dizer que assumir uma meta de longo prazo é o mesmo que cumprir aquela meta. E não é. Devemos nos concentrar no prazo mais próximo, em setores individuais, em pequenos passos, e de certa forma não nos preocupar com 2050 – e certamente não em exigir os créditos pela meta para 2050, mas exija os créditos se conseguir reduzir as emissões de um setor em particular nos próximos dois anos. É isso que se deveria tentar.
O que a mudança do clima significa para o senhor? Minha compreensão mudou ao longo de minha carreira. Vinte e cinco anos atrás, quando comecei, eu via a mudança climática com uma dimensão: há uma mudança nas propriedades físicas do clima e temos de fazer o possível para reduzi-la. Agora eu gostaria de vê-la como uma parábola, uma história com significado moral, acho que dessa forma ela tem um uso poderoso. As histórias e ideias sobre mudança climática podem ser usadas para dizer algo sobre nossas relações uns com os outros, com o meio ambiente, e nossas responsabilidades éticas pessoais e coletivas. Para mim, não é algo que temos que solucionar, não é o fim, há objetivos mais amplos. A mudança climática é meio para um fim, pode nos ajudar a alcançar uma série de objetivos. Para mim remonta aos tempos de estudante, há 30 anos, quando o grande tema era dívida internacional, desigualdade e pobreza – esse ainda é meu objetivo. Mas não estamos tentando solucionar a mudança climática, pois não acho que isso seja possível. Ela pode ajudar a alcançar objetivos, mas só se abandonarmos a ideia de que se obtivermos um acordo em Copenhague todos os problemas desaparecerão.