Uma licencinha aos medos e frustrações. COPs também podem ter notícias positivas. Nagoya conheceu no final da primeira semana o relatório “Áreas Protegidas para o século XXI”, um elenco de algumas das melhores práticas na proteção de ecossistemas naturais a partir de projetos financiados pelo Global Environment Facility (GEF), por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Segundo o relatório, desde que a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) entrou em vigor em 1993, as regiões protegidas do mundo aumentaram quase 60%, tanto em número quanto em área total. “Não é exagero afirmar que o Programa de Trabalho sobre Áreas Protegidas é umas das iniciativas de maior sucesso da CDB. Como resultado, o conceito da proteção de áreas é indiscutivelmente o mais disseminado na sociedade mundial”, afirma o estudo.
Entre os bons exemplos apontados está o da criação de áreas de proteção na região florestal de Komi, na Rússia, com o foco na mitigação das mudanças climáticas. Essas porções são capazes de sequestrar, anualmente, cerca de 2,7 milhões de toneladas de carbono. Submetidas a queimadas ou manejo inadequado, além de deixarem de armazenar, suas emissões poderiam ultrapassar 280 mil toneladas de carbono por ano.
Outro projeto envolveu a comunidade dos Yungas peruanos, que foram auxiliados pelo GEF na formulação de planos de sustentabilidade agroflorestal e catalogação e monitoramento da biodiversidade local. Grande parte dos 30.000 habitantes da comunidade já atua diretamente em alguma dimensão do projeto.
O relatório faz ainda uma análise sobre a evolução histórica dos sistemas de áreas protegidas. Segundo o estudo, trata-se de um processo que vai do modelo clássico, passando pelo moderno e chega ao modelo emergente. Essas três categorias são usadas para explicar a mudança de visão sobre certas questões ambientais.
A gestão das áreas protegidas , por exemplo, no primeiro momento era pensada principalmente para os visitantes dos parques, o que mudou nos anos 70, quando as comunidades locais começaram a participar mais do processo. A partir da metade da década atual, o relatório aponta para uma perspectiva que começa a considerar a conjunção de valores sociais, econômicos e ecológicos, com atenção especial aos serviços prestados pelos ecossistemas.
“Às vezes criticada por supostamente impedir as pessoas de terem acesso aos recursos naturais, a cobertura de áreas protegidas em escala global é um testemunho de que o novo conceito, em suas diversas formas, foi abraçado por quase todos os governos, sociedade civil e comunidades indígenas e locais, em um período relativamente curto de tempo”, destaca.
Os resultados fazem parte das metas que o programa de trabalho da CDB havia estabelecido para este ano no que se refere às áreas terrestres. Em 2012, termina o prazo das estratégias elaboradas para o ecossistema marinho. Uma das questões de maior expectativa na COP-10 é justamente estender a proteção nos oceanos, que hoje não ultrapassa 0,5%.
Acesse o relatório completo aqui.