A fim de poupar dinheiro e combater o aquecimento global, membros do conselho de administração da pequena Redditch, na região da Inglaterra Central, apresentaram um projeto que visa aproveitar o calor gerado no crematório da cidade para aquecer seu novo centro de esportes, localizado logo ao lado.
Segundo a proposta, o município, com cerca de 80 mil habitantes, poderia poupar até 14.500 libras por ano (algo em torno de 38.000 reais) aquecendo seu conjunto de lazer – principalmente as piscinas – com a energia emitida no processo de cremação.
O Conselho afirma que o projeto é o primeiro do gênero no Reino Unido e começou, no final de janeiro, a promover discussões com grupos religiosos, diretores de funerárias e cidadãos para analisar a ideia.
Alguns setores, no entanto, demonstraram preocupação. Para um dos diretores da funerária local, Simon Thomas, o projeto parece bem “estranho e assustador”. Ele afirma que é difícil imaginar o quanto as pessoas se sentiriam confortáveis sabendo que a piscina do clube é aquecida graças à morte de um ente querido.
O líder do Conselho Carole Gandy, no entanto, disse que prefere usar a energia do que vê-la saindo pela chaminé e aquecendo o céu. “Não faz nenhuma diferença para as pessoas que estão usando os serviços do crematório. É somente uma proposta no momento, mas pessoalmente eu a apoio porque acho que isso poupará dinheiro público e, a longo prazo, energia, que é o que nós todos devemos fazer”.
A federação dos órgãos de sepultamento e cremação da Inglaterra também encampa o projeto. Segundo seu representante, Gordon Hull, “do ponto de vista ambiental, faz sentido”.
Fazer da morte algo mais sustentável não é exclusividade dos ingleses. No Brasil, entre as iniciativas do gênero, há serviços específicos para dar fim às cinzas originárias da cremação. O Cemitério Horto da Paz, em São Paulo, reservou 2.300 m2 à criação de um bosque onde os familiares podem usá-las na plantação de árvores nativas.
Todas as espécies são originárias da Mata Atlântica e ajudam no reflorestamento local. Ao adquirir o serviço, o cliente recebe, além das sementes, uma urna ecológica, fabricada com fibras biodegradáveis. Tudo em nome do menor impacto.