A Síria enfrentou uma seca de proporções sem paralelo entre 2006 e 2010, o que inviabilizou a produção agrícola em várias regiões e obrigou 1,5 milhão de camponeses a migrar para as cidades.
As dificuldades criadas pela inclemência climática foram agravadas por decisões de governo equivocadas. Uma análise publicada pelo The National, um dos principais meios de comunicação em inglês do Oriente Médio, detalha o ocorrido:
O regime dos Assads, tanto Hafez quanto Bashar, administrou de forma desastrosa a questão da água. Eles ofereceram subsídios a culturas que consomem muita água, como as do algodão e do trigo, e autorizaram a sobreexploração das águas subterrâneas, levando ao rebaixamento dos aquíferos. [Em consequência,] campos foram sendo convertidos em desertos.
Além disso, os estoques emergenciais de trigo do país foram muito reduzidos em 2005, quando a Síria vendeu boa parte de suas reservas para aproveitar a alta dos preços. Em consequência, em 2008 os sírios tiveram de importar trigo pela primeira vez em 20 anos. No ano seguinte, outro baque: também afetada pela seca, a Turquia restringiu o fluxo de suas águas para o Iraque e a Síria. Resultado: em 2011, 1 milhão de sírios passava fome (numa população de quase 21 milhões) e entre 2 e 3 milhões viviam em extrema pobreza.
Um crescente número de analistas entende que a seca prolongada e extrema, provavelmente ampliada pelo aquecimento global, foi um dos estopins da guerra civil que se arrasta no país.
“É notável observar que a seca tem sido pior em áreas do nordeste, que estão rapidamente deixando de ser controladas pelo governo, e no sul, onde a rebelião começou”, declarou em entrevista Dominic Moran, coordenador do Projeto para o Mundo Árabe do Greenpeace, que monitora há anos a influência do aquecimento global na dinâmica de conflitos. “Embora seja difícil apontar uma determinada crise ambiental como sendo fator que contribuiu para o desenvolvimento ou a exacerbação de um conflito, o deslocamento de populações pela seca induzida pelas mudanças climáticas na Síria terá um impacto importante na crescente crise humanitária”. E, claro, isto só fará aquecer os ânimos ainda mais.[:en]
A Síria enfrentou uma seca de proporções sem paralelo entre 2006 e 2010, o que inviabilizou a produção agrícola em várias regiões e obrigou 1,5 milhão de camponeses a migrar para as cidades.
As dificuldades criadas pela inclemência climática foram agravadas por decisões de governo equivocadas. Uma análise publicada pelo The National, um dos principais meios de comunicação em inglês do Oriente Médio, detalha o ocorrido:
O regime dos Assads, tanto Hafez quanto Bashar, administrou de forma desastrosa a questão da água. Eles ofereceram subsídios a culturas que consomem muita água, como as do algodão e do trigo, e autorizaram a sobreexploração das águas subterrâneas, levando ao rebaixamento dos aquíferos. [Em consequência,] campos foram sendo convertidos em desertos.
Além disso, os estoques emergenciais de trigo do país foram muito reduzidos em 2005, quando a Síria vendeu boa parte de suas reservas para aproveitar a alta dos preços. Em consequência, em 2008 os sírios tiveram de importar trigo pela primeira vez em 20 anos. No ano seguinte, outro baque: também afetada pela seca, a Turquia restringiu o fluxo de suas águas para o Iraque e a Síria. Resultado: em 2011, 1 milhão de sírios passava fome (numa população de quase 21 milhões) e entre 2 e 3 milhões viviam em extrema pobreza.
Um crescente número de analistas entende que a seca prolongada e extrema, provavelmente ampliada pelo aquecimento global, foi um dos estopins da guerra civil que se arrasta no país.
“É notável observar que a seca tem sido pior em áreas do nordeste, que estão rapidamente deixando de ser controladas pelo governo, e no sul, onde a rebelião começou”, declarou em entrevista Dominic Moran, coordenador do Projeto para o Mundo Árabe do Greenpeace, que monitora há anos a influência do aquecimento global na dinâmica de conflitos. “Embora seja difícil apontar uma determinada crise ambiental como sendo fator que contribuiu para o desenvolvimento ou a exacerbação de um conflito, o deslocamento de populações pela seca induzida pelas mudanças climáticas na Síria terá um impacto importante na crescente crise humanitária”. E, claro, isto só fará aquecer os ânimos ainda mais.