O aumento da classe C gera mudanças nos hábitos de nutrição e no consumo dos brasileiros
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares mostram que o consumo de alimentos prontos e semiprontos tende a crescer com o aumento da renda. Para a nova classe média brasileira, quanto mais dinheiro no bolso, maior e mais diverso fica o carrinho de compras. Com isso, há maior procura por produtos nem sempre de boa qualidade nutricional.
A inserção de 32 milhões de pessoas na classe média (entre 2004 e 2010) e seus novos hábitos alimentares provocam mudanças consideráveis no quadro geral da nutrição do brasileiro, com impactos na saúde pública. Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular, que pesquisa o comportamento das classes populares, quando uma família engorda sua renda, adiciona à dieta itens que não são de necessidade básica. São os chamados “alimentos de indulgência” – aquelas guloseimas que enchem os olhos, funcionam como uma recompensa, mas não necessariamente alimentam. Também compram mais lacticínios, hambúrgueres, cereais e refrigerantes.
O principal fator de mudança na alimentação da nova classe média é a entrada da mulher no mercado de trabalho, aponta Meirelles. Quando uma dona de casa arranja um emprego fixo, dedica-se menos à cozinha e se permite comprar alimentos semiprontos e congelados.
O fato de a comida conter muito sódio, sal ou gordura ainda não preocupa o consumidor das classes populares. “As pessoas não entendem por que um alimento custa mais caro se tem menos sódio, menos caloria, menos sal, menos sabor. As classes D e E funcionam na lógica do mais: quer mais proteína, mais nutrientes, mais sabor”, afirma Meirelles.
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