Localizado no Distrito Industrial, coração da Zona Franca de Manaus, o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) reflete o movimento de interação entre pesquisa científica e demandas de mercado para serviços e produtos inovadores da biodiversidade amazônica. Com a busca por modernização dos laboratórios e a abertura dos espaços para o empreendedorismo e novos conceitos de cooperação, o antigo prédio de arquitetura futurística que simboliza a riqueza biológica da região se aproxima das demandas da sociedade.
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Uma semente plantada há três anos por uma pequena iniciativa-piloto do programa de governo InovaSociobio, em uma comunidade da Ilha do Marajó (PA), resultou no desenvolvimento de um modelo de inovação que será vitrine da bioeconomia amazônica na COP 30 do clima, em Belém.
Das agroflorestas às indústrias, o caminho do bioinsumo amazônico transformado em chocolates reúne interações coordenadas entre os diferentes segmentos com vistas à produção que busca critérios de sustentabilidade. “O engajamento cria sinergias para evitar duplicidade de esforços e investimentos, e colocar todos na mesma página”, afirma o consultor Guilherme Salata, coordenador da CocoaAction Brasil.
Após o êxito da mobilização de grupos na coleta e plantio de sementes nativas para salvar nascentes em São Félix do Xingu (PA), reduto do agronegócio com impactos à água usada por produtores e populações locais, a experiência na Amazônia inspirou novas articulações regionais e se espalhou no País como modelo que une geração de renda, empoderamento social e diversidade de espécies na restauração ecológica.
Promover negócios éticos que valorizam os povos da floresta e a conservação da biodiversidade da Amazônia inspira a construção de novos modelos de relações comerciais entre empresas compradoras e fornecedores de bioprodutos de Unidades de Conservação e Terras Indígenas. “Para problemas complexos são necessárias soluções em rede, porque ninguém conseguirá sucesso sozinho para manter a floresta em pé”, ressalta Luiz Brasi, gerente da rede Origens Brasil, no Imaflora.
A região do Médio Juruá (AM), antigo berço de movimentos sociais contra a exploração injusta do trabalho extrativista nos seringais, é hoje reconhecida como um polo de referência na organização comunitária, fundamental para o sucesso das relações do território com poder público, instituições de pesquisa, ONGs e empresas no contexto da bioeconomia.
Tudo começou com uma nova unidade de extração de óleos vegetais, que impulsionou o extrativismo à época em declínio e favoreceu a demanda por matéria-prima, inclusive de produtores que plantaram andiroba e não colhiam as sementes porque não tinham para quem vender. Hoje, na região de Santarém (PA), a iniciativa do Ecocentro, com estrutura inaugurada em junho de 2024 pelo Projeto Saúde & Alegria após seis anos de construção, representa um antigo sonho que se torna realidade para melhorar a produção, ampliar conexões com o mercado e mudar o patamar da bioeconomia em território sob pressão do desmatamento.
Conectar ciência e tecnologia, produção comunitária dos territórios e infraestrutura industrial demanda inteligência em novos modelos de governança para que bionegócios ganhem escala e prosperem na floresta. São crescentes as iniciativas de biohubs, clusters e outras formas de agrupamento do setor, analisadas por estudo inédito do Idesam como subsídio a políticas e investimentos na Amazônia, sob as luzes da COP 30 do clima em Belém.